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Vergonha e Indignação com uma Piada Governamental

Uma Piada Governamental –

Por Padre Joacir S. D´Abadia – 

Na segunda-feira, dia 28 de maio, eu fiquei horrorizado em ver os noticiários dizendo que a redução que os caminheiros iriam receber seriam de R$ 0,46 centavos. Isso mesmo, uma grande luta por parte destes trabalhadores que levam o BRASIL nos braços dirigindo de norte a sul pra se ter uma redução de QUARENTA E SEIS CENTAVOS.

É vergonhoso para um país que tem uma das mais altas receitas do mundo oriundas dos muitíssimos impostos pagos sobre um mesmo produto falar em uma redução de centavos.

Estes mesmos trabalhadores que reivindicam seus direitos são os que serão punidos por reivindicar.

É uma piada. Será quanto ganha um promotor, juiz, prefeito, governador, deputado, senador, presidente? Será que R$ 0,46 centavos tirados de seus salários faria-lhes falta?

Estou cada vez mais convencido que no Brasil está sendo feito um conluio entre todas as instituições governamentais para não deixar ninguém trabalhar. São tantos os papéis legistas que se precisam tirar para você poder trabalhar que quando se consegue todos já chegou no final do mês.

Vivemos neste país onde se precisa tirar licença para soltar fogos de artifício, pegar um caminhão de cascalho para aterrar uma área de sua própria casa (coloco isso aqui porque pra se fazer um novo loteamento precisa de licença ambiental para tal, já não deveria esta mesma licença ser considerada pelos órgãos competentes por saber que o terreno é acidentado?)… aff! Cansa só de imaginar.

Tudo está travado. Ninguém pode trabalhar fora da lei. Contudo, a lei parece que foi feita pra não ser cumprida. Veja bem! SE dentro de uma COMARCA tem 100 advogados para entrar com processos no Ministério Público, tem uns 6 promotores e um juiz, sobre o qual se recai a responsabilidade do encaminhamento dos 100 processos. Será que a lei é pra ser cumprida?

Contudo, no Brasil o que mexe com o governo são os Centavos dos pobres. Nos últimos anos eu vi desfilar nas manchetes dos principais jornais uma grande manifestação da população dos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde se enxergava muitas lojas sendo apedrejadas, lojas de carros sendo incendiadas por causa de uns míseros R$ 0,20 Centavos que se aumentavam nas passagens de ônibus coletivos.

Na época eu chamei o manifesto de “A Manifestação dos R$ 0,20 centavos”. Desde àquele tempo até agora são os “Centavos” que vem Sofrendo com a população. *”Com a População”,* pois me parece que os trabalhadores estão errados em paralisar e lutar por seus direitos! Ao menos foi o que eu consegui entender das entrevistas dos representantes do “Governo”.

Sabe porque de minha grande surpresa com os “Centavos”? É cômico, eu sei, mas vou dizer: o Governo tirou R$ 10,00 reias do Salário mínimo e não vi nada de manifestação ou paralisação contra a redução!

Me parece que no Brasil as coisas que valem menos são as que mais tem valor?! Assim segue esta grande Piada Governamental.

ANOTE AÍ:

Joacir pb

 

@Padre Joacir d’Abadia, Filósofo autor de vários livros, dentre eles, o mais recente “A Incógnita de Cully Woskhin” (Palavra & Prece, 2018)

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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Uma resposta

  1. 46 centavos do preço do diesel correspondem a aproximadamente 13% de desconto. Já 10 reais do salário mínimo correspondem a aproximadamente 1% de “redução” (entre aspas porque foi o aumento do salário mínimo que foi reduzido, e não ele propriamente dito). Não tenho nenhum tipo de apreço pelo governo atual, pelo contrário, mas acho negativo quando pessoas elaboram argumentos tão cheios de falhas como nesse texto. Quando isso acontece, acabam “dando munição ao inimigo”, escancarando falta de capacidade lógica e analítica.

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