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Uma ponte para a lua 

“UMA PONTE PARA A LUA”

Uma ponte para a lua 

“Nada será como antes… Nada?”  

Construir uma ponte para a , uma sociedade que em primeiro lugar seriam expropriados todos os meios de produção, estaremos todos os proprietários dos meios de produção.

Por Alípio Freire

Isso é necessário, mas não é suficiente. É necessário mais uma coisa. É necessário que a gente desde já recoloque a questão da Felicidade e do Prazer.

Uma Revolução, uma mudança radical na sociedade que não fale da Felicidade e do Prazer, que não fale da possibilidade de todos nós, reconhecendo todas as diferenças, podemos conviver enquanto trabalhadores, isso aí não terá cumprido seu papel.

Nós somos a crítica viva e real ao socialismo existente. E a retomada de toda a raiz libertária do socialismo que foi esquecida por muitos anos por vários movimentos.

Esquecida, inclusive, porque a partir de um determinado momento a classe operária tomou o poder num Estado e o Estado virou uma razão para a classe operária. É preciso que o Estado seja destruído e que a gente esqueça a razão do Estado. 

Massa em movimento

A nossa referência não pode ser a instituição, a nossa referência deve ser a massa em movimento. E esses movimentos não são somente reivindicativos, são as Festas. É importante fazer Festas.

Existe hoje aqui um grande discurso [como houve] um grande discurso no dia 21 no Largo 13, que é o discurso do grupo, que é o discurso do conjunto, que é o discurso do Coletivo e que é o discurso da Utopia, que é a Felicidade.

Nós temos de nos comprometer desde agora, desde já com a ponte para nós chegarmos a essa Felicidade. Não dá para deixar esses temas para depois. Não dá para tratar só da economia.

"UMA PONTE PARA A LUA"
Reprodução/PT

A felicidade não é só isso

É preciso tratar do que vai por dentro de cada um de nós. É preciso tratar de toda ansiedade, todos os desejos, de toda a perspectiva e todo o sonho que temos dentro da gente. E que a classe trabalhadora de conjunto tem dentro de si.

Isso é fundamental para chegar lá, do contrário viraremos uns burocratas, uns velhos. Teremos um Estado na mão, um aparelho, uma máquina.

Teremos um Estado forte, faremos guerras. Daremos mais um sapato para João, um vestido à . Mas a Felicidade não é só isso, embora isso seja indispensável para a Felicidade.

Nós queremos o sonho. Como diria Calígula, “nós queremos a Lua, algo que seja aparentemente impossível. E nós teremos a Lua.”

"UMA PONTE PARA A LUA"
Instituto Vladmir Herzog

Alípio Freire, Presente!

No dia  22 de abril de 2021, o maldito vírus do Covid tirou de nós um dos imprescindíveis deste mundo.

Aos 75 anos, Alípio Raimundo Viana Freire, baiano de Salvador, combatente da , preso político da ditadura (1969-1974), anistiado pelo Ministério da Justiça (2005), fundador do PT, militante dos movimentos Sindical, Sociais e Populares, cineasta, poeta, jornalista, escritor, artista plástico,  e um infinito de coisas mais,  foi plantar vermelhas em alguma constelação distante, plantada nos mistérios do infinito.

Para homenagear Alípio Freire, que escreveu muito, escolhemos um de seus textos mais belos, mais revolucionários e mais libertários – “Uma ponte para a Lua”, excertos de seu discurso no lançamento de sua candidatara a vereador por pelo PT, em 1982, registrado por Renato Tapajós no filme “Nada será como antes… Nada?”  

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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