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‘Verdadeiros arsenais estão em casas comuns’, alerta Instituto Sou da Paz

‘Verdadeiros arsenais estão em casas comuns’, alerta Instituto Sou da Paz

No cenário de uma cada vez mais armada após a de incentivo feita pelo governo Bolsonaro, o recente episódio envolvendo o empresário que tirou a da policial civil Milene Bagalho Estevam, de 39 anos, em um bairro nobre de , coloca em evidência a crescente preocupação em relação à flexibilização das leis de armas no , aponta o Instituto Sou da Paz.

Por Redação/Mídia Ninja

O número alarmante de armas de entre a população ganha destaque, especialmente com a flexibilização que permitiu a atiradores desportivos adquirirem até 60 armas, incluindo 30 fuzis. Natália Pollachi, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, alerta para o surgimento de verdadeiros arsenais em residências comuns e apartamentos.

“A gente teve uma flexibilização tão grande que permitiu a atiradores desportivos comprarem até 60 armas de fogo, sendo que 30 podem ser fuzis. Então, a gente tá falando de verdadeiros arsenais que estão em casas comuns, em apartamentos”, destaca Pollachi.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, o número de pessoas com certificado de registro de armas de fogo aumentou quase sete vezes, atingindo a marca de 700 mil registros. O empresário Rogério Saladino dos Santos, 56, envolvido na tragédia recente, possuía registro de CAC (Caçador, Atirador e Colecionador de Armas). Surpreendentemente, uma de suas duas pistolas estava irregular.

A flexibilização do registro de CAC, conforme explica Natália Pollachi em entrevista ao podcast O Assunto, não apenas aumentou a quantidade de armas nas mãos da população, mas também contribuiu para facilitar o desvio dessas armas para atividades ilegais, levantando questões sobre o controle efetivo das autoridades.

“Tem gente que faz esquemas até de aluguel de armas para o crime organizado”, diz Pollachi. “Casos de operações em que a polícia foi até a casa de pessoas com 10 a 15 armas registradas em e, quando chegou lá, só tinha três armas na residência. Onde estão as outras armas?”

*Com informações do G1

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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