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Vietnã

Vietnã –  “Por que cavaste um buraco na Terra?”

Mulher, como te chamas? – Não sei.

Quando nasceste, tua origem? – Não sei.

Por que cavaste um buraco na terra? – Não sei.

Há quanto tempo estás aqui escondida? – Não sei.

Por que mordeste o meu anular? – Não sei.

De que lado estás? – Não sei.

É tempo de guerra, tens de escolher. – Não sei.

Existe ainda a tua aldeia? – Não sei.

E essas crianças, são tuas? – Sim. São meus filhos.

Vietna garota do napalm

VietnãPoema vietnamita dos tempos da Guerra do Vietnã  (01/11/1955 – 30/04/1975).  Tradução: José Santiago Naud e Henrique Siewierki. Brasil-Europa: Poesia e União. Editora Moderna, 2002. Esta foto interna, tirada por Huynh Cong Ut da agência Associated Press, recebeu o Prêmio Pulitzer de 1973. A garota correndo se chama: Kim Phúc.

 

VIETNÃ – DEZ DADOS SOBRE A GUERRA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

  1. Rivalidade da Guerra Fria: O antigo Vietnã do Sul dependia da ajuda econômica e militar dos EUA, enquanto o Vietnã do Norte recebia apoio da União Soviética e da China.
  2. Número de soldados: Mais de 2,5 milhões de americanos serviram na guerra; em 1968 havia 536 mil deles combatendo. Em 1973, quando os EUA aceitaram um cessar-fogo, as forças do Vietnã do Sul eram de cerca de 700 mil, enquanto as do Vietnã do Norte somavam cerca de 1 milhão de combatentes.

  3. Número de mortos: Mais de 58 mil americanos e ao menos 1,1 milhão de vietnamitas morreram no conflito (algumas estimativas falam em 3 milhões de mortos). Outros países também sofreram baixas: foram mortos, por exemplo, mais de 4 mil soldados sul-coreanos.

  4.  Guerra internacional: Algumas nações enviaram tropas para ajudar os EUA; participaram do conflito milhares de soldados da Coreia do Sul, Tailândia, Austrália, Filipinas e Nova Zelândia. A China também enviou um número substancial de soldados ao Vietnã do Norte: chegaram a 170 mil, para reparar os danos causados pelos bombardeios americanos e para ajudar na defesa aérea.

  5. Guerra aérea: A Força Aérea dos EUA lançou 6,7 milhões de toneladas de bombas sobre o Vietnã; as forças aliadas do Vietnã do Sul, Austrália e Nova Zelândia lançaram outras 1,4 milhão de toneladas. Esse montante corresponde a mais do dobro do volume de bombas lançado por Reino Unido e EUA – 3,4 milhões de toneladas – em operações na Europa e no Pacífico durante a Segunda Guerra Mundial.

  6. O tanque: Durante 20 anos, acreditou-se que um tanque do Vietnã do Norte – o de número 843 – tivesse sido o primeiro a avançar contra as portas do Palácio Presidencial de Saigon, em 30 de abril de 1975. Só em meados de 1990 que o Vietnã concluiu que foi obra de outro tanque, o número 390.

  7.  Arma icônica: Nenhuma outra arma está tão associada à Guerra do Vietnã quanto o fuzil AK-47. Foi a principal arma do Exército do Vietnã do Norte e das guerrilhas do Sul e se converteu na arma revolucionária preferida em todo o mundo. As tropas americanas usaram sobretudo o fuzil M14 e, posteriormente, o M16. Os fuzis de assalto americanos eram de difícil manejo nas úmidas selvas do Vietnã.

  8. Legado controverso: O Vietnã pediu, sem sucesso, compensação às vítimas do “agente laranja” – substância química jogada pelas tropas americanas no solo para destruir plantações agrícolas e desfolhar florestas usadas como esconderijo pelos inimigos, que acabou causando danos, malformação de crianças e contaminação, com efeitos que duram até hoje.

  9. Divisão: Mais de 1 milhão dos chamados “boat people” (imigrantes que viajavam em barco) fugiram do Vietnã do Sul entre 1975 e 1989. A maioria se estabeleceu nos EUA. 10. Normalização: EUA e Vietnã normalizaram suas relações em 1995 e anunciaram um acordo amplo em 2013. O comércio bilateral movimentou quase US$ 35 bilhões em 2014.

Dados compilados por: BBC. 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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