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A RAINHA DOS MARES: VIVA IEMANJÁ!

VIVA IEMANJÁ, RAINHA DAS ONDAS, SEREIA DO MAR!

Viva Iemanjá, rainha das ondas, sereia do mar! 

“(…) Ê, Iemanjá!/Rainha das ondas, sereia do mar/Rainha das ondas, sereia do mar (…)”

Por Maria Letícia M.

No dia dois de fevereiro, celebra-se o Dia de Iemanjá, conhecida como a Rainha dos Mares e protetora dos pescadores. A divindade é um orixá oriundo das religiões de matrizes africanas, que compõe uma das práticas religiosas do Candomblé e Umbanda.

Diversas culturas e saberes foram carregados ancestralmente pelos africanos forçados a saírem de seus lares, durante os séculos de regime escravagista. Após centenas de anos, o orixá feminino, Iemanjá, continua sendo venerada e reconhecida com um significado profundo, associado à ancestralidade. 

Para os candomblecistas e umbandistas é uma tradição fazer oferendas a essa divindade, acreditando que, ao oferecer presentes, Iemanjá possa retribuir com suas bênçãos. Entre as oferendas, muitos optam por flores, enquanto outros confeccionam pequenos barquinhos de madeira, incorporando outros itens simbólicos. Essa prática ritualística fortalece os laços espirituais e culturais, representando a devoção pela Iemanjá. 

VIVA IEMANJÁ, RAINHA DAS ONDAS, SEREIA DO MAR!
Significados

Conheça um dos pontos mais lindos à Iemanjá

Entoado por Juliana D Passos (Canal Macumbaria), a melodia representa um ponto de louvor, sendo um tipo de cântico ritualístico empregado nas práticas religiosas afro-brasileiras para evocar e enaltecer as entidades espirituais.

VIVA IEMANJÁ, RAINHA DAS ONDAS, SEREIA DO MAR!

A expressão ‘Odoyá!’, presente no desfecho da letra, constitui uma saudação a Iemanjá, carregando o significado de ‘Salve, Rainha!’.

Por meio dessa composição, Juliana D Passos desempenha um papel fundamental na preservação e divulgação da cultura afro-brasileira, utilizando a arte como meio de expressar fé e respeito. 

Mãe d’água, rainha das ondas, sereia do mar
Mãe d’água, seu canto é bonito quando tem luar
Mãe d’água, rainha das ondas, sereia do mar
Mãe d’água, seu canto é bonito quando tem luar

Como é lindo o canto de Iemanjá
Faz até o pescador chorar
Quem escuta a mãe d’água cantar
Vai com ela pro fundo do mar

Ê, Iemanjá!
Rainha das ondas, sereia do mar
Rainha das ondas, sereia do mar

Ê, Iemanjá!
Rainha das ondas, sereia do mar
Rainha das ondas, sereia do mar

Mãe d’água, rainha das ondas, sereia do mar
Mãe d’água, seu canto é bonito quando tem luar
Mãe d’água, rainha das ondas, sereia do mar
Mãe d’água, seu canto é bonito quando tem luar

Como é lindo o canto de Iemanjá
Faz até o pescador chorar
Quem escuta a mãe d’água cantar
Vai com ela pro fundo do mar

Ê, Iemanjá!
Rainha das ondas, sereia do mar
Rainha das ondas, sereia do mar

Ê, Iemanjá!
Rainha das ondas, sereia do mar
Rainha das ondas, sereia do mar

(Odoyá!)

Saravá Iemanjá! 

Foto de capa: Fábio Kabral

 

VIVA IEMANJÁ, RAINHA DAS ONDAS, SEREIA DO MAR!
Pic Snaper – Kianda – Foto ilustrativa

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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