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Wagner Barja expõe Experiência Tumulto III

Experiência Tumulto III, de Wagner Barja, em exposição no CCBB

Em exposição no Centro Cultural Banco do , desde o dia 24 de fevereiro,  a mostra Experiência Tumulto III, com obras do artista plástico Wagner Barja. A exposição fica aberta ao público, gratuitamente,  de quarta a segunda, das 9h às 21h, até o dia 20 de abril.

Com curadoria de Marisa Flórido César, a mostra, que tem trabalhos experimentais em diversas linguagens,  reúne 30 peças produzidas ao longo de 30 anos, na galeria 2 e no Pavilhão de Vidro 1.

As obras vão desde vídeo-esculturas até objetos confeccionados em alumínio e bronze fundido, passando por fotografias de grandes dimensões e instalações multimídias. A maior parte do acervo é inédita no Brasil.

“Por meio de uma revisão de suas participações em algumas coletivas e individuais foi possível a reconstituição de um percurso, que ao final apresenta uma visão de campo de uma complexa, expressiva e rica produção”, afirma Marisa.

Uma das atrações é a obra “Armadilhas Semânticas”, virtual em foto e vídeo, com micos que comem bananas e formam palavras-chave para a interpretação do público. Em processo de evolução desde 1984, a instalação, que ganhou o prêmio Projeteis da Funarte em 2006, foi recriada para o módulo retrospectivo da mostra.

No grande pavilhão negro, Barja apresenta “Jonas”, outra instalação em vídeo, constituída em 20 peças fundidas em alumínio e resina, que formam as vértebras de uma baleia com asas. São exibidos vídeos no interior do conjunto de vértebras da baleia.

Barja sempre esteve envolvido com investigação e pesquisa da . O artista busca “desconstruir com humor e ironia o linear e o estabelecido”. Segundo a organização da mostra, o lema dele é ousar nas poéticas visuais.

Barja 2

BIOGRAFIA

Wagner Pacheco Barja, Rio de janeiro, é artista plástico, educador e curador independente. Mestre em arte e das imagens, pela de Brasília (UnB). Notório saber em Teoria e História da Arte, Plástica e Arte-, pelo Conselho Superior de Educação/ME. Chefe do Sistema de Museus do Distrito Federal e diretor do do Conjunto Cultural da República. Suas obras fazem parte das principais coleções privadas e acervos institucionais, como, Museu de Arte do Rio MAR, Museu Nacional de Belas Artes RJ, Museu de Arte de Brasília MAB, Museu Nacional de Brasília, Museu ONCE, Madri, Espanha, Coleção Cândido Mendes, Coleção Sérgio Carvalho entre outros.

Instalação do artista Wagner Barja, que pode ser vista em exposição no CCBB de Brasília (Foto: Peninha/Divulgação)
 
Fontes:
G1

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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