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Zumbi dos Palmares 

Zumbi dos Palmares 
 
 
O comandante guerreiro
Mártir sangue africano
Herói do povo brasileiro
Luz contra a escravidão
É herói no mundo inteiro
 
1655
O ano do nascimento
1695
Deu-se o falecimento
Morreu e eternizou-se
Deu asas ao movimento
 
Um líder descomunal
Combateu a tirania
Um baluarte cultural
em Palmares
Combatente magistral
 
Pernambuco – Alagoas
Zum Zumbi quimbundo
Em União dos Palmares
Deu o seu grito profundo
Zumbi revolucionário
Foi um luminar do mundo
 
Serra da Barriga, Macaco
Mocambos em profusão
Sucupira e Tabocas
Sabalangá em ação
Osenga, Acotirene
Zumbi vive no sertão
 
Zumbi em Danbrapanga
Andalaquituche vital
de Palmares
A monumental
A busca da
Contra o jugo colonial
 
O seu povo era do Congo
Do coração africano
Aqualtune na origem
Os negros no oceano
Ganga Zumba Ganga
Sabina, mãe do soberano
 
Da união com
Logo Motumbo nasceu
Harmódio foi o segundo
Que Dandara concebeu
Aristogíton por último
Que jamais estremeceu
 
Sua esposa foi Dandara
Ganga Zumba familiar
Da nobreza africana
Zumbi dos Palmares é
O sempre a lutar
 
Muito sangue derramado
Em cruel inquisição
A opressão portuguesa
A terrível escravidão
O negro deu o seu grito
Deu lume à revolução
 
Grande Zumbi Francisco
Lutou contra a opressão
Foi herói da resistência
Contra a vil exploração
Merece nossos aplausos
É mártir da libertação…
 
Gustavo Dourado – Cordelista. Escritor. Presidente da Academia Taguatinense de Letras – Brasília – Distrito Federal.
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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