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130 anos, Abolição?

130 anos, Abolição?

A proposta de abolir …
Exterminar com a escravatura ou exterminar o povo preto escravizado?
Coisificar pessoas é um processo de abolição, de exterminar sua essência, de desconsiderar qualquer possibilidade humana.
O que representou o 14 de maio de 1888, um dia após mais de três séculos de intensa exploração de seres humanos escravizados e escravizadas oriundos do continente africano? Para além do interesse econômico e da necessidade imediata de construir a ideia de um país “democrático”, existiu um projeto de exterminar qualquer possibilidade de participação social desta parcela significativa da população, com determinações objetivas e subjetivas de embranquecimento, de epistemicídio e desontologização de pretos e pretas.
Acordarmos com o processo de escravização e total desumanização de pessoas completamente encerrado há 130 anos?
NÃO !
A exploração da mão de obra foi o meio para total dominação de pessoas.
Leis por si só nunca trouxeram e não trarão mudanças significativas na vida cotidiana da população brasileira, não será diferente para sua maioria (54,9% auto-declarados/as de pretxs e pardxs)
Continuar resistindo e lutando é preciso e necessário!
Só a luta constrói possibilidades reais de mudanças.
Luta forjada nas esquivas das capturas ainda em terras africanas, nas estratégias de sobrevivência nos porões dos navios negreiros, resistência a todo processo de desumanização e opressão, colonização de nossos corpos e nossas mentes ,apropriação dos corpos das , extermínio de nossa , nossa e nossa essências.
Hoje, após mais de três séculos do processo mais violento e perverso que toda humanidade já presenciou, nos deparamos com um quadro de pleno retrocesso em de reparação para o povo preto deste país, onde mais se extermina e mais aniquila, onde menos se oportuniza.
Portanto, não temos nada a comemorar!
Temos muito o que lutar para garantir o direito à VIDA.
Em tempos de total desfacelamento dos direitos reagir é preciso!
Basta de no trabalho e na vida!
Continuemos demarcando dias de resistir e lutar contra o RACISMO !
Justiça para o povo preto!

 

Roseane Ramos
Educadora

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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