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MOVIMENTO: UM JORNAL SEM PATRÕES

O ‘jornal de jornalistas’ semanal teve papel marcante na imprensa alternativa

No dia 7 de julho de 1975, chega às bancas o primeiro número do semanário “Movimento”, que teria grande influência no debate político da e das forças democráticas do país. Criado por um grupo de profissionais saídos do jornal “Opinião” liderado por Raimundo Rodrigues Pereira, “Movimento” tinha a proposta de ser “um jornal de jornalistas”, sem um empresário na direção.

MOVIMENTO: UM JORNAL SEM PATRÕES
Cartaz Promocional – Imagem: Memorial da Democracia/Acervo

A nova publicação tinha um programa explícito em defesa de uma frente de oposição à ditadura e da convocação de uma Assembleia Constituinte. Cobriu as greves do ABC, o surgimento da liderança de Lula e dos novos movimentos populares. Deu destaque também aos problemas urbanos, como a crise do .

MOVIMENTO: UM JORNAL SEM PATRÕES
Conselho de Redação. Imagem: Memorial da Democracia/Acervo

Desde a primeira edição, o jornal esteve sob censura prévia, que durou três anos e vetou 3.093 artigos na íntegra, 3.162 ilustrações e cerca de 4,5 milhões de palavras. Circulou até novembro de 1981 e teve 5 de suas 334 edições apreendidas nas bancas.  

Movimento ago1979 wikepdia

Ao longo de sua existência, Movimento atravessou crises internas e, mais tarde, sofreu a concorrência de jornais de outras tendências de esquerda, mas foi sempre um dos mais importantes veículos da chamada “imprensa alternativa”.

Respostas de 2

  1. Parabéns,companheiros! Deus tem recompensa extraordinária pra vocês,conheceremos um dia.eu li, a história da revista chapuri mi lembrei de Chico Mendes ok?

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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