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Congresso discute Política Nacional de Arborização Urbana

Congresso discute Política Nacional de Arborização Urbana

Projetos de Lei preveem a formulação de planos nacionais, estaduais e municipais para a arborização urbana, além de um comitê gestor para a área.

Por Júlia Mendes/O Eco

Importante mecanismo para a mitigação de calor nas cidades, a manutenção de espaços verdes, canteiros florestados e árvores nas calçadas das ruas não dispõe de uma política pública de abrangência nacional. Ao menos por enquanto. Ao menos dois projetos, um tramitando no Senado e outro na Câmara, pretendem disciplinar – e punir – gestores públicos que não prezam pela manutenção das árvores urbanas.

Apresentado em junho, o PL 3.113/2023, de autoria do senador Efraim Filho (União/PB), institui a Política Nacional de Arborização Urbana (Pnau), que tem como objetivo manter e até expandir as áreas verdes em espaços urbanos a partir da formulação de planos estaduais e municipais. A proposta é uma reprodução do PL 4309/2021, de autoria do ex-deputado e hoje presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, que tramita na Câmara dos Deputados desde dezembro de  2021. 

O PL apresentado na Câmara já passou por duas comissões e está pronto para ser votado na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CMADS). A proposta é fruto de uma série de discussões  promovidas pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, que  instituiu o Grupo de Trabalho da Política Nacional de Arborização Urbana (GTPNAU), coordenado pelo engenheiro florestal Daniel Caiche.  

Já o que tramita no Senado está iniciado a trajetória na Comissão de Desenvolvimento Regional (CDR), com relatoria da senadora Professora Dorinha Seabra (União/TO). Se aprovada, o PL seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A última etapa será a Comissão de Meio Ambiente (CMA), que tem caráter conclusivo, ou seja, será a última comissão antes do projeto seguir para a Câmara. O texto só irá para o plenário do Senado em caso de requerimento de um senador e pelo menos nove votos a favor.

Tarefa de todos

O texto dos PLs torna obrigatório a criação de planos municipais de arborização urbana para os municípios acima de 20 mil habitantes e Distrito Federal. Os planos terão duração de 20 anos, com atualização a cada 5 anos. De acordo com o PL, a construção do plano municipal é condição para o recebimento de verbas federais e estaduais para o investimento na arborização. No entanto, os municípios podem optar também pela formação de consórcios intermunicipais, dispensando-se, assim, da elaboração do plano municipal. Nesse caso, deverá ser elaborado um plano intermunicipal que atenda aos requisitos estabelecidos na lei. 

“Estudos relacionam a presença de vegetação no ambiente urbano

com a redução do índice de criminalidade e de violência doméstica e com o aumento da sensação de bem-estar, da capacidade de concentração e da produtividade em ambientes escolares e de trabalho”, justifica o senador Efraim Filho ao apresentar o projeto de lei. 

A proposta responsabiliza o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e os órgãos ambientais estaduais e municipais pela implantação dos planos de arborização urbana. O MMA ficará responsável pela elaboração de  diretrizes e políticas públicas a nível nacional e coordenar e apoiar as ações dos estados para conservação e expansão da arborização urbana.

Já os estados atuarão no suporte técnico de financeiro da política de arborização. Além disso, União e estados serão responsáveis pelo mapeamento da situação dos territórios de cobertura e a determinação de metas e programas para o alcance dos objetivos em escala municipal. 

Comitê Gestor  

Além das diretrizes para a implementação dos planos nas três esferas nacionais, o PL também estabelece a formação do Comitê Gestor da Política Nacional de Arborização Urbana (CGPNAU), vinculado ao MMA, como instância central da Pnau. 

Dentre outras competências do comitê, estão: 

“I – estabelecer diretrizes e políticas públicas para a implantação e revisão da PNAU e a sua operacionalização, em conformidade com os seus instrumentos, sobretudo, com os planos nacional, estaduais e municipais e as suas revisões;

 II – apoiar propostas de instituição ou revisão de planos estaduais e municipais de arborização urbana;

 III – definir áreas prioritárias da PNAU;

 IV – promover a articulação de políticas setoriais e a articulação federativa, objetivando a convergência de suas ações para o benefício das áreas prioritárias da PNAU;”

Outras competências do órgão disponíveis no texto da lei

Não Regressividade 

O Projeto de Lei determina que a Pnau deve ser regida pelo “princípio da não regressividade da arborização”, enfatizando a expansão quantitativa e qualitativa das áreas verdes na cidade como prerrogativa e, de modo algum, a regressão da arborização já existente nos ambientes urbanos. 

Ou seja, qualquer plano de arborização deverá priorizar a manutenção das árvores existentes na cidade, podendo o poder público alterar o novo projeto caso seja necessário para a preservação do local.  

“Espera-se que a partir da criação da Política Nacional de Arborização

Urbana, o tema ganhe destaque dentro das agendas governamentais e que a profissionalização da arboricultura, bem como o aumento nos recursos destinados à gestão da vegetação urbana se materializem na melhoria da qualidade de vida das cidades brasileiras”, justifica Rodrigo Agostinho, no texto de apresentação do projeto de lei.

Júlia MendesEstudante de Jornalismo. Fonte: O Eco. Foto: Nelson Almeida/AFP.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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