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Violeiro do Sertão toca moda, alegria e tristeza

VIOLEIRO DO SERTÃO TOCA MODA, ALEGRIA E TRISTEZA

Violeiro do Sertão toca moda, alegria e tristeza

Pra viola tocar o sertão

É preciso violeiro plantado no chão

Sem sentimento da terra

Violeiro não pertence não

 

Como vai imitar o canto do nambu

Cantar o valente carcará

Salvar no dedilhar da viola

A arara-de-lear

 

Violeiro que é violeiro

Toca moda, alegra a tristeza

Faz Maria cantar de esquecer

O pressagio da fome

 

Sua viola anima a ciranda

O coletivo de gente

Entorno da cacimba

Pro asseio no açude

 

A sede de cultura

Mata-se no ritmo do baião

A sede de beber

Com macambira, mandacaru

 

Seu canto da esperança

Faz chorar a plantação

Faz caroá fazer sustento

Pra essa gente do sertão…

 

ANOTE:

Geri Nogueira 1

Geri Nogueira é escritor e poeta de Brasília. As xilogravuras utilizadas nesta matéria são de autoria desconhecida. Se alguém identificar quem as fez, por gentileza nos informar para que possamos fazer os devidos créditos. Os dados complementares desta matéria são da Wikipedia.

SOBRE O BAIÃO 

Baião é um gênero de música e dança popular da região Nordeste do Brasil.  O baião utiliza muito os seguintes instrumentos musicais: viola caipira, triângulo, flauta doce e  acordeão (também chamado de sanfona). A rabeca é apontada como o instrumento característico do Baião, dada a sonoridade lembrar a da sanfona que por sua vez seria a mais identificado quando o ritmo se tornou conhecido nacional e internacionalmente . Os sons destes instrumentos são intercalados ao canto. A temática do baião é o cotidiano dos sertanejos e das dificuldades da vida dos tais, como na canção “Asa Branca” que fala do sofrimento do sertanejo em função da seca nordestina.

SOBRE A CIRANDA 

Ciranda é um tipo de dança e música de Pernambuco.  É originada mais precisamente na Ilha de Itamaracá,  através das mulheres de pescadores que cantavam e dançavam esperando eles chegarem do mar. Caracteriza-se pela formação de uma grande roda, geralmente nas praias ou praças, onde os integrantes dançam ao som de ritmo lento e repetido.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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