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BOLO DE LARANJA (APRENDIDO NUMA SALA DE PROFESSORES)

BOLO DE LARANJA (APRENDIDO NUMA SALA DE PROFESSORES)

Bolo de laranja (aprendido numa sala de professores)

Fora de casa, talvez não exista melhor lugar de convívio que uma sala de professores. É ali que a gente se reúne para debater as questões escolares, para trocar experiências, para buscar soluções para problemas que vez ou outra nos parecem insolúveis.

Por Lúcia Resende 

É na sala de professores que a rotina da se movimenta, se renova. Que a ganha crença, que a crença se revigora. Leituras, debates, planejamentos, avaliações, estratégias, objetivos, tudo junto e misturado, um espaço de comunhão e de aprendizado. A sala de professores pulsa, e pulsa forte. Nela, aprendemos em comunhão.

E é também ali que professores e professoras compartilham os momentos de pausa na rotina escolar, descansam o pouco que podem, jogam conversa fora e, é claro, comem, porque saco vazio não para em pé.

Ah, o lanche! Pois às vezes tem delícias trazidas por alguém, outras vezes é um cafezinho com mesmo. Mas a animada vale de todo jeito.

A desta edição aprendi numa sala de professores, na Escola Classe Cerâmicas Reunidas Dom Bosco, na zona rural de . Ali era espaço de compartilhamento, de com-vivência.

Certa tarde, a gente estava ali só com o cafezinho e umas bolachinhas, se bem me lembro. Uma colega que estava com horário vago logo se propôs a fazer “rapidinho” um bolo de laranja, fruta que tínhamos com fartura. Lá foi ela, nossa querida Ruth Teles Gebrim, professora de Artes e cozinheira de mão cheia, para a cozinha. Na hora do recreio, a surpresa: uma verdadeira delícia, e todo pedindo a receita! Aqui em casa, o bolo de laranja da Rutinha é presença certa na mesa quando quero agradar uma visita. Agora, compartilho com quem lê a Xapuri!

Ingredientes

1 laranja (só não pode ser laranja-lima)

1 ½ copo de açúcar

2 copos de farinha de trigo

5 ovos

1 pitada de sal

½ copo de óleo

1 colher de fermento em pó

Cobertura

1 laranja

4 colheres de açúcar

Modo de fazer

Escolha duas laranjas sadias e lave bem, com bucha e sabão. Para a massa, corte em cruz uma delas com casca e tudo, no sentido do comprimento, retire a parte branca do centro e todas as sementes (importante verificar direitinho, uma só semente pode amargar todo o bolo). Coloque no liquidificador com o açúcar, os ovos inteiros e o óleo. Bata bem. Em seguida, acrescente a pitada de sal, a farinha de trigo e o fermento. Bata rapidamente, desligue o liquidificador. Se preciso, termine de misturar com uma colher. Coloque em uma assadeira retangular, untada e enfarinhada, e asse em forno médio.

Quando o bolo estiver assado, esprema o caldo da outra laranja em uma panelinha, coloque as colheres de açúcar e leve ao . Quando abrir fervura e levantar bolhas, desligue. Com uma colher, jogue sobre o bolo com cuidado, esparramando bem. Pronto! Deixe esfriar. Depois, é só se preparar para saborear e repetir a receita muitas e muitas vezes, porque este bolo é fácil, rápido e simplesmente delicioso!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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