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Conferência do Clima

Candidato eleito será denunciado na Conferência do Clima

Entidades vão denunciar violações no Brasil e os riscos para o ambiente global

Em documento que será entregue aos participantes e ao governo, ativistas destacam as estratégicas antidemocráticas que elegeram Bolsonaro e seu desprezo pelos direitos humanos e pelo meio ambiente
por Redação RBA 
FOTOS PÚBLICAS/MAYKE TOSCANO
Conferência do Clima
O desprezo de Bolsonaro pelo meio ambiente pode acelerar o desmatamento da Amazônia

São Paulo – As ameaças à democracia no Brasil pelo governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), que põem em risco também compromissos assumidos pela proteção da biodiversidade, das florestas, dos territórios indígenas e tradicionais no Brasil, serão denunciadas na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP14) que começa nesta terça-feira (13) e vai até o dia 29 em Sharm El Sheikh, no Egito.

Em carta assinada por 18 entidades ligadas à agroecologia e à defesa dos direitos humanos, de populações tradicionais e à reforma agrária, que será distribuída às delegações participantes, os ativistas denunciam as estratégias que levaram à eleição do candidato da extrema direita.

Destacam o posicionamento de Bolsonaro, que declara que pretende incluir os movimentos sociais no rol de organizações terroristas, além de acabar com toda forma de ativismo, perseguir adversários políticos e, principalmente, seu total desprezo pela biodiversidade brasileira e a política ambiental.

Chamam atenção sobretudo para a possibilidade de subordinação do Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura, à retirada do Brasil do Acordo de Paris, à exploração dos recursos naturais da Amazônia em parceria ou diretamente pelos setores privados, com preferência pelos Estados Unidos, ao fim da demarcação de terras indígenas, à titulação de territórios de comunidades quilombolas e tradicionais e da reforma agrária.

O afrouxamento da atual Lei dos Agrotóxicos, por meio do Pacote do Veneno, e outras medidas em favor do avanço da fronteira agrícola e da indústria extrativista também são destacadas como políticas que prejudicam o país e também toda a comunidade global.

Clique aqui para ler o documento na íntegra.

A carta é assinada pela Articulação Nacional de Agroecologia, AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, Associação Brasileira de Agroecologia, Coletivo Cidade Que Queremos – Porto Alegre, Centro Ecológico, Conselho Nacional das Populações Extrativistas, Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas, FASE – Solidariedade e Educação, GT-Biodiversidade da Articulação Nacional de Agroecologia, Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais, Movimento Ciência Cidadã, Movimento Camponês Popular, Movimento de Mulheres Camponesas, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras, Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia e Terra de Direitos.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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