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Rondônia: Organização criminosa organiza invasão e grilagem

Organização criminosa invade Terras Indígenas em Rondônia –

Uma organização criminosa sediada no município de JaruRondônia, está organizando invasões a terras indígenas. Seu objetivo é a grilagem das terras para ocupação por colonos brancos, inspirados por declarações do presidente Jair Bolsonaro. No dia 11 de janeiro último, um grupo de 40 homens invadiram a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, no município de Governador Jorge Teixeira, na região central de Rondônia, próximo a aldeia conhecida como Linha 623, às margens do Rio Campanito.

Por: Gerson Neto, membro do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social, via Instituto Humanitas Unisinos/IHU.

ESCOLHER A FOTO17 01 2019 awapuwauwau kanindeAwapu Wau Wau a caminho do local invadido pelos grileiros | Foto: Kanindé

Os invasores abriram um picadão de cerca de 25 quilômetros, com o objetivo de dar acesso às terras. Segundo Boatuto Wau-Wau, liderança indígena do povo Uru-Eu-Wau-Wau, um homem conhecido com o Davi, respondeu à solicitação para que saíssem da Terra Indígena da seguinte maneira: “não ia sair porque o Bolsonaro ganhou e não tinha nenhum órgão para ir lá defender os índios”. Disse ainda que “se a gente continuasse a pedir pra sair, eles sabiam onde a gente morava e iam lá matar até as crianças pra gente ver como dói”, disse Boatuto Wau Wau. Os indígenas gravaram um vídeo com parte da conversa com os invasores. Veja abaixo:

Awapu Wau-Wau, presidente da Associação Jupaú, que também estava presente durante a conversa com Davi relatou que os invasores disseram que “nós não tem direito a mais nada na nossa terra por causa do presidente que ganhou. Que nós vamos viver igual eles vivem lá fora (nas cidades).” E acrescentou: “Eles estão muito confiantes.”

Ao terminar de abrir o picadão os invasores deixaram a área prometendo voltar com mais 200 pessoas para tomar posse. Os líderes da aldeia Linha 623 se socorreram na Associação de Defesa Étnico-ambiental Kanindé, que enviou a coordenadora Ivaneide Bandeira para área invadida. As lideranças Uru-Eu-Wau-Wau se dividiram, uma parte voltou para as suas aldeias com medo de ataques a suas famílias. Outros acompanharam a Ong Kanindé para buscar apoio das autoridades em Porto Velho.

Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau foi homologada ainda no governo de Fernando Collor, em 1991. A Funai iniciou o contato com esse povo apenas em 1980. Antes disso sua história é de muito conflito com brancos invasores. Apesar da demarcação ehomologação das terras, elas continuaram a ser invadidas.

ESCOLHER A FOTO17 01 2019 jurunauru eu wau wau kanindeJuruna Uru-Eu-Wau-Wau e sua família dentro da área invadida | Foto: Kanindé

Além dos Uru-Eu-Wau-Wau, os Karipuna, no norte do estado, tem sofrido ataques semelhantes provenientes do mesmo grupo criminoso. Ali os conflitos já estão em um estágio mais grave. Em janeiro de 2017, madeireiros e grileiros incendiaram o posto de vigilância da Funai para intimidar os índios e a instituição. Em setembro do mesmo ano perseguiram um carro com missionários do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e lideranças indígenas por 30 quilômetros com o objetivo de assustar e intimidar.

De 2017 até agora já foram registrados 5 boletins de ocorrência na polícia por ameaças aos indígenas e aos missionários do CIMI. A fiscalização dos parques e Terras Indígenas está paralisada desde primeiro de janeiro, com isso grileiros aumentaram sua presença na área. O antigo Posto da Funai incendiado serve de base para o trabalho deles. Desde a semana passada pode-se ouvir os tratores dos madeireiros e grileiros trabalhando para desmatar a floresta.

Alguns dos invasores conseguiram registros falsos no Cadastro Ambiental Rural, cedido pela Secretaria de Meio Ambiente de Rondônia e um dos documentos que comprovam posse de áreas devolutas a fim de dar entrada na regularização fundiária. Isso para áreas situadas em uma Terra Indígena homologada.

ESCOLHER A FOTO17 01 2019 terraindigenauru eu wau wau kanindePicadão aberto pelos invasores na Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau | Foto: Kanindé

Por causa da presença dos madeireiros e grileiros, os indígenas estão constantemente ameaçados de morte. “Eles ficam sem poder andar pelo território por medo dos invasores. Não podem caçar e estão confinados em suas aldeias”, relata um agente do CIMI que pediu para não ser identificado.

Onde antes havia a floresta e o território do Povo Karipuna hoje já pode-se ver um início de ocupação se estabelecendo, com plantações de macaxeira e banana. Os líderes da invasão não se identificam pelos nomes, mas seus apelidos ecoam: JiraiaBaleadoBodãoPreto e Polaco.

ANOTE AÍ:

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/586134-organizacao-criminosa-invade-terras-indigenas-em-rondonia?fbclid=IwAR0j_TuWzT8PjmPutEtCPrvMxFjlZT4YAs9mA3F5ECNNaPCzhYYlM7OK_NA

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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