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Seringal Cachoeira: Ecoturismo entre seringueiras

Seringal Cachoeira: entre seringueiras

exuberante, bordada de seringueiras e castanheiras gigantes. Causos contados com graça pela companheirada de . Trilhas ecológicas fantásticas e o maior circuito de arvorismo da Amazônia. Você vai conhecer um pouquinho das oportunidades de ecoturismo do Seringal Cachoeira!

Por

Localizado na Reserva Chico Mendes, onde se deram as grandes lutas dos em defesa da Amazônia nos anos 80, o Cachoeira conta com uma população de cerca de 80 famílias, dedicadas principalmente à coleta do látex das seringueiras e, mais recentemente, às atividades de ecoturismo.

A chegada ao Cachoeira surpreende pelo contato direto com as casas onde moram as famílias, suas várias unidades de produção e pela presença majestosa da pousada ecológica Seringal Cachoeira que, além da hospedagem, oferece uma deliciosa culinária típica e inesquecíveis rodas de ao anoitecer.

A pousada oferece um espaço central de recepção, salas de estar e restaurante, chalés para casais e para famílias e belichários e masculino. Tudo muito acolhedor e lindo, exceto pelo banho que, quando passei por lá era de água fria, muito fria.

A aventura no Cachoeira começa sempre com um passeio por perto da pousada, em geral com Nilson, primo de Chico Mendes e profundo conhecedor da natureza. Depois dessa “iniciação”, as pessoas podem escolher entre as várias alternativas de ecoturismo oferecidas:

ARVORISMO – Trajeto de 9 a 25 metros de altura, com direito a tirolesa de 600 metros no final, ou passeio contemplativo pelo chão da mata.

TRILHA DO SERINGUEIRO – Caminhada começando antes do amanhecer, à luz da poronga (a lamparina do seringueiro), colheita do látex da borracha pelas trilhas e café da manhã (opcional) na casa de uma família da floresta.

TRILHA DA SUMAÚMA – Caminhada de cerca de três horas para conhecer a Sumaúma, a maior de todas as árvores da Amazônia.

IMERSÃO NA FLORESTA –  Andança de 2 a 5 dias, parte a pé, parte em barco pelo rio Xapuri.

COMO CHEGAR

De a Xapuri, são cerca de 170 km de viagem pela BR-317. Em Xapuri, é bom parar para conhecer a casa onde Chico Mendes viveu e foi assassinado em 22 de dezembro de 1988, hoje um pequeno museu. Depois, segue-se pela BR-317 por mais 20 km de rodovia pavimentada e uns 12-15 km de estrada de até chegar à sede do Seringal. Embora a estrada seja bem sinalizada, é preciso ter cuidado com os buracos e com os animais silvestres que com frequência cruzam o caminho.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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