AS ÁRVORES INTERAGEM ENTRE SI E SE AJUDAM

AS ÁRVORES INTERAGEM ENTRE SI E SE AJUDAM

As árvores interagem entre si e se ajudam

Mais do que produzir oxigênio e madeira, as árvores interagem entre si e se ajudam, segundo o alemão  Peter Wohlleben, especialista em árvores e guarda-florestal com anos de experiência.

Por Vanessa de Oliveira – pensamentoverde

Wohlleben é autor do  A Vida Escondida das Árvores (ainda sem versão no ), que se tornou best-seller na Alemanha e foi traduzido em 19 idiomas, inclusive o português de Portugal. Na obra, ele explica de forma descontraída o que aprendeu nas décadas em que trabalhou nas florestas do país.

O especialista recorda que, na época de colégio, aprendeu que as árvores competem entre si por luz e espaço. Anos depois, ele diz ter percebido o contrário: que elas se ajudam. Segundo Wohlleben, a conclusão veio quando, passeando pela da qual ele cuida, perto da fronteira com a Bélgica, encontrou um toco de árvore ainda vivo, que tinha de 400 a 500 anos de idade e nenhuma ramificação ou folha.

A vitalidade do toco, de acordo com ele, após tanto tempo, estava no fato de que as árvores ao redor lhe transmitiam uma solução açucarada através das , o que permitia que ele continuasse se nutrindo.

Comunicação

De acordo com Wohlleben, as árvores se comunicam através de sinais elétricos transmitidos pelas raízes e por sinais químicos através dos enormes fungos que ficam sob o solo. Elas avisam umas às outras sobre como , períodos de seca ou mesmo a ação humana, com galhos sendo cortados.

O autor salienta que, algumas vezes, as árvores se unem contra outras espécies para preservar seus recursos. Faias, por exemplo, costumam não aceitar a presença de carvalhos, os atrapalhando até que enfraqueçam, explica ele.

Personalidade

O especialista destaca, ainda, que as árvores têm diferentes personalidades, como os Salgueiros, que são solitários, suas sementes voam longe e as árvores crescem rápidas. Porém, sozinhas, não vivem muito.

Já as árvores nas estão, segundo ele, isoladas e lutando contra as probabilidades, uma vez que não têm raízes fortes. Wohlleben ressalta que o que ele escreve é apoiado por pesquisas científicas, como as realizadas pela de British Columbia.

AS ÁRVORES INTERAGEM ENTRE SI E SE AJUDAM

Um passarinho pediu a meu irmão para ser uma árvore.
Meu irmão aceitou de ser a árvore daquele passarinho.
No estágio de ser essa árvore, meu irmão aprendeu de sol,
de céu e de lua mais do que na .

No estágio de ser árvore meu irmão aprendeu para santo
mais do que os padres lhes ensinavam no internato.
Aprendeu com a natureza o perfume de Deus.
Seu olho no estágio de ser árvore, aprendeu melhor o azul.
E descobriu que uma casa vazia de cigarra, esquecida no tronco das árvores só serve para poesia.

No estágio de ser árvore meu irmão descobriu que as árvores
são vaidosas. Que justamente aquela árvore na qual meu irmão
se transformara, envaidecia-se quando era nomeada para o
entardecer dos pássaros e tinha ciúmes da brancura que os
lírios deixavam nos brejos.
Meu irmão agradecia a Deus aquela permanência em árvore
porque fez amizade com as borboletas.

, in “Poesias Completas”

AS ÁRVORES INTERAGEM ENTRE SI E SE AJUDAM
Foto: Geovane Siqueira

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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