Especialistas apontam agrofloresta como alternativa para driblar impactos das mudanças climáticas na agricultura
Produtores rurais são os primeiros a sentirem os efeitos negativos das mudanças climáticas. No Brasil, o cultivo de grãos sofre o impacto do aumento do calor e da redução das chuvas, especialmente nas regiões do Centro-Oeste e do Matopiba, que engloba os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Por The Green Post
De acordo com o estudo “O Limite Climático para a Agricultura no Brasil”, publicado pela revista Nature Climate Change, aproximadamente 28% das áreas agricultáveis do Centro-Oeste brasileiro deixaram de estar no padrão climático ideal para o plantio de soja e milho – que estão entre as principais culturas cultivadas no país. A pesquisa ainda projetou que, se não forem adotadas medidas sustentáveis, esse índice pode chegar a 74% em 2060.
Em busca de contornar a situação, produtores investem em medidas paliativas, como a instalação de sistemas de irrigação nas lavouras, que são extremamente caros. Atualmente, cerca de 5% das plantações nacionais já são irrigadas artificialmente. As demais seguem dependendo de aspectos naturais e, consequentemente, do regime de chuvas.
Além da questão hídrica, as mudanças climáticas apresentam muitos outros desafios para o roçado. Entre eles, o aparecimento de pragas e doenças nas plantas e o ocorrimento de eventos extremos, como deslizamentos de terra, geadas, alagamentos e seca.
Alternativas para o agronegócio
Para reverter o cenário de consecutivas perdas na produção agrícola, o estudo aponta que é necessário garantir a implementação de mudanças estruturais no cultivo e manejo do solo. Entre as sugestões estão:
– A recuperação e conservação de reservas legais e Áreas de Preservação Permanente: essas áreas contribuem para o equilíbrio ambiental e, no médio e longo prazo, ajudam a manter e aumentar o volume e a reserva de águas nos mananciais, nascentes e rios.
– A adoção de meios de plantio sustentáveis, como a agricultura de precisão e a agrofloresta, que visa à integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): a adaptação de cultivos compatíveis com as condições climáticas, o uso de plantio direto e a rotação de culturas ajudam a melhorar a performance no campo.
– O investimento em profissionais especializados e em softwares qualificados: tratam-se de excelentes alternativas para potencializar a eficiência no gerenciamento agrícola e incentivar a otimização do cultivo e colheita. Além dos agrônomos, profissionais que possuem cursos de gestão de resíduos sólidos e plantio sustentável podem auxiliar no planejamento e execução de práticas conscientes e ambientais.
Autor: The Green Post – Foto: iStock.