A BRASILEIRÍSSIMA JABUTICABA

A BRASILEIRÍSSIMA JABUTICABA

A brasileiríssima Jabuticaba

Atrás do grupo escolar, ficam as jabuticabeiras / Estudar a gente estuda / Mas depois, / ei pessoal; / (…) / Jabuticaba chupa-se no pé. –

Carlos Drummond de Andrade, em trecho de Menino Antigo 

imagem jabuticaba

Por Lúcia Resende

Quem não se lembra de ter repetido, do rol de adivinhações que figuram no repertório popular: “o que é o que é que nasce verde, cresce redondinha, fica preta e vai estourar no céu”?

E quem nunca chegou debaixo de uma jabuticabeira carregada, tirou a fruta do pé, jogou na boca e a fez estourar ali no palato, lembrando-se daquela adivinhação, provavelmente não é do Brasil. Se é, figura como exceção.

A pretinha deliciosa é coisa nossa, e os registros de sua existência por aqui datam da época do Descobrimento. Típica da Mata Atlântica, a jabuticaba (Myrciaria cauliflora) ocorre, naturalmente, de forma mais concentrada, na região Sudeste, mas também pode ser encontrada em outras matas. Cultivada, é figura certa nos pomares de todo o país.

Alimento de insetos, aves, capivaras, porcos-do-mato, cutias, macacos, micos, quatis e muitos outros animais, a jabuticaba contribui para preservar nossa fauna. Mas é o bicho gente que lhe dá maior valor, seja para o consumo ao natural ou para ser usada no preparo de doces, tortas, sucos, xaropes, bolos, geleias, licores, vinhos, aguardentes, vinagres ou, ainda, como corante.

Estudos indicam que produtos feitos com a jabuticaba possuem propriedades antioxidantes, pois a fruta contém alta concentração de polifenóis, especialmente a quercetina e a rutina.

Algumas razões para consumir jabuticaba

  • Os polifenóis da fruta contribuem para melhorar a qualidade de vida de pacientes diabéticos e de portadores de doenças degenerativas como o mal de Alzheimer;
  • A quercetina e a rutina possuem propriedades antitumorais e antiglicêmicas, ajudam a combater o colesterol ruim (LDL) e aumentam o colesterol bom (HDL), além de revigorarem o sistema nervoso.
  • A fruta contém compostos de vitamina C, B2 e B5, e é fonte de minerais como cálcio, ferro e fósforo.
  • O chá de cascas de jabuticaba é empregado no tratamento de angina de peito, disenteria e erisipela.
  • O chá da entrecasca é usado para tratamento da asma.
  • O caldo da jabuticaba, usado em gargarejos, é eficaz contra as inflamações agudas e crônicas da boca e garganta.
  • A jabuticaba é anti-inflamatória e é indicada em caso de: amigdalite, inflamação dos intestinos, doenças do sistema respiratório, inclusive tuberculose.

geleia-jabuticabaGeleia de Jabuticaba

Ingredientes

  • Jabuticabas
  • Açúcar
  • Água

Modo de preparo

Lave bem as jabuticabas, esmague um pouco e coloque numa panela ou tacho. Coloque água até cobrir bem as frutas. Deixe descansar por uns 15 minutos e leve ao fogo, deixando ferver até as jabuticabas ficarem bem macias (20-30 minutos). Escorra o caldo em uma peneira e reserve. Deixe esfriar um pouco e passe as jabuticabas numa peneira de trama média, esfregando bem, para extrair o máximo de polpa (vá colocando um pouquinho de água enquanto coa). Em seguida, misture o caldo reservado com a polpa e passe tudo por uma peneira mais fina. Coloque de volta no tacho ou panela, acrescente o açúcar na proporção ½ para 1 (1 litro de caldo, ½ litro de açúcar). Leve ao fogo alto e deixe ferver, mexendo de vez em quando com uma colher de pau, até dar o ponto de geleia (uma hora mais ou menos, fogo alto). O ponto é quando, ao mexer, a calda começa a ficar espumosa e a subir. Na dúvida, coloque um pouquinho num copo com água fria. Juntou no fundo, está pronta a geleia. Daí, é deixar esfriar e servir com bolachas, pães, queijos, bolos etc.

 

 

 

 

Você sabia?

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p style=”text-align: justify;”>As jabuticabas florescem na primavera e no verão e produz uma grande quantidade de frutos. Inclusive, eles crescem aglomerados principalmente nos troncos e em meio as folhas.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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