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A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO, O PÁSSARO CONSTRUTOR

A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO, O PÁSSARO CONSTRUTOR

A do João-de-Barro, o pássaro construtor

Quem mora  na roça, ou passa por áreas rurais, sabe que esse pequeno pássaro de cor parda, com as costas e a cauda  para o ferrugem, e cerca de 20 centímetros leva esse nome porque faz da terra molhada a base para construir seu ninho, quase sempre entremeado com com capim e fiapos de palha.

Por

Quem  gosta de sertaneja invariavelmente já deve ter ouvido o clássico “O João-de-Barro para ser feliz como eu…” contando a estória de amor desse pássaro parceiro e cantador, que só se desgarra da companheira enquanto ela choca os três ou quatro ovinhos de cada postura. É por isso, dizem, que o João-de-Barro parece estar sempre cantando em dueto.
 
Seja porque é um bom pássaro cantador, seja porque  seu ninho é diferente da maioria dos outros pássaros, existe uma bonita lenda que conta a origem do João-de-Barro.
 
Era uma vez, diz a lenda, havia no Sul do um povo indígena Guarani que, para que os jovens pudessem se acasalar, exigia do moça moço provas do amor pela companheira. Jaebé era um jovem . Jaebé se apaixonou por uma linda jovem da aldeia. Como era de costume, Jaebé se apressou para pedir ao pai a mão da moça.
 
Seguindo a tradição, o pai da noiva exigiu a provas de amor de Jaebé por sua filha. “Serão nove dias de jejum”, informou Jaebé ao futuro sogro. E então começou a prova. O jovem foi envolto em um couro de e passou a ser vigiado, dia e noite, por quatro jovens guerreiros.
 
Desesperada com a dureza da prova, a noiva implorou à deusa Lua, Jacy, que o mantivesse vivo para que pudessem viver seu grande amor. A moça também tentou abrandar o coração do pai, que não cedeu e, até o nono dia, manteve Jaebé dentro da manta de couro.
 
Quando finalmente abriam a manta, no nono dia, Jaebé havia encantado. Seus olhos brilhavam; seu sorriso emanava luz; seu exalava perfume. Espanto geral. Jaebé já não pertencia aos espaços físicos deste mundo. Sensibilizado por sua grande capacidade de amar, Tupã o transformou num alegre e cantador João-de-Barro.
 
Apaixonada, ao ver seu noivo transformado em pássaro, a noiva pediu a Jacy, que também a encantasse como uma passarinha. E foi assim que o João-de-Barro passou a ter sempre uma companheira de vida, a quem é fiel e com quem vive para sempre.
 
A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO, O PÁSSARO CONSTRUTOR
Foto: ornithos.com.br
 
A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO EM VERSOS
Poema do Cancioneiro Popular
Quem ouve, do João-de-barro, o trinado,
nem imagina o porquê da celebração.
Trata-se dum casal de índios encantado,
para realizar o amor em eterna união.
Jaebé, guarani jovem e forte
e, de sua tribo, a índia mais bela
entregam ao amor a sua .
Mas, a tradição exige dele grande prova
e, ao cumpri-la é levado à morte.
Além do desespero da índia, a dor lhe devora.
Jaci e Tupã, deuses da infinita união,
comovidos por tão grande dor,
encantam o casal e desfazem a separação,
para, como pássaros, viverem seu amor.
Agora entende-se: do João-de-barro, a fidelidade;
de ser símbolo da harmonia no lar;
e o seu canto de alegria e felicidade,
por terem a dádiva da eternidade para amar,
por terem a dádiva da eternidade para amar,
por terem a dádiva da eternidade para amar.
Fonte: J Coelho
 
A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO, O PÁSSARO CONSTRUTOR
Foto: Portal dos Pássaros

O JOÃO-DE-BARRO

O João de Barro, pra ser feliz como eu
Certo dia resolveu
Arranjar uma companheira
No vai-e-vem
Com o barro da biquinha
Ele fez sua casinha lá no galho da paineira
Toda manhã, o pedreiro da
Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava
Mas quando ele ia buscar o raminho
Para construir seu ninho o seu amor lhe enganava
Mas neste mundo o mal feito é descoberto
João de Barro viu de perto sua perdida
Cego de dor
Trancou a porta da morada
Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida
Que semelhança entre o nosso fadário
Só que eu fiz o contrário do que o João de Barro fez
Nosso senhor me deu força nessa hora
A ingrata eu pus pra fora
Onde anda eu não sei
Fonte: Musixmatch
Compositores: Teddy Vieira De Azevedo / Muhib Cury
Letra de João de barro © Universal Mus. Publishing Mgb Brasil Ltd


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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