A lenda do João-de-Barro, o pássaro construtor
Quem mora na roça, ou passa por áreas rurais, sabe que esse pequeno pássaro de cor parda, com as costas e a cauda para o ferrugem, e cerca de 20 centímetros leva esse nome porque faz da terra molhada a base para construir seu ninho, quase sempre entremeado com com capim e fiapos de palha.
Por Zezé Weiss
Quem gosta de música sertaneja invariavelmente já deve ter ouvido o clássico “O João-de-Barro para ser feliz como eu…” contando a estória de amor desse pássaro parceiro e cantador, que só se desgarra da companheira enquanto ela choca os três ou quatro ovinhos de cada postura. É por isso, dizem, que o João-de-Barro parece estar sempre cantando em dueto.
Seja porque é um bom pássaro cantador, seja porque seu ninho é diferente da maioria dos outros pássaros, existe uma bonita lenda que conta a origem do João-de-Barro.
Era uma vez, diz a lenda, havia no Sul do Brasil um povo indígena Guarani que, para que os jovens pudessem se acasalar, exigia do moça moço provas do amor pela companheira. Jaebé era um jovem Guarani. Jaebé se apaixonou por uma linda jovem da aldeia. Como era de costume, Jaebé se apressou para pedir ao pai a mão da moça.
Seguindo a tradição, o pai da noiva exigiu a provas de amor de Jaebé por sua filha. “Serão nove dias de jejum”, informou Jaebé ao futuro sogro. E então começou a prova. O jovem foi envolto em um couro de anta e passou a ser vigiado, dia e noite, por quatro jovens guerreiros.
Desesperada com a dureza da prova, a noiva implorou à deusa Lua, Jacy, que o mantivesse vivo para que pudessem viver seu grande amor. A moça também tentou abrandar o coração do pai, que não cedeu e, até o nono dia, manteve Jaebé dentro da manta de couro.
Quando finalmente abriam a manta, no nono dia, Jaebé havia encantado. Seus olhos brilhavam; seu sorriso emanava luz; seu corpo exalava perfume. Espanto geral. Jaebé já não pertencia aos espaços físicos deste mundo. Sensibilizado por sua grande capacidade de amar, Tupã o transformou num alegre e cantador João-de-Barro.
Apaixonada, ao ver seu noivo transformado em pássaro, a noiva pediu a Jacy, que também a encantasse como uma passarinha. E foi assim que o João-de-Barro passou a ter sempre uma companheira de vida, a quem é fiel e com quem vive para sempre.
Foto: ornithos.com.br
A LENDA DO JOÃO-DE-BARRO EM VERSOS
Poema do Cancioneiro Popular
Quem ouve, do João-de-barro, o trinado,
nem imagina o porquê da celebração.
Trata-se dum casal de índios encantado,
para realizar o amor em eterna união.
Jaebé, guarani jovem e forte
e, de sua tribo, a índia mais bela
entregam ao amor a sua sorte.
Mas, a tradição exige dele grande prova
e, ao cumpri-la é levado à morte.
Além do desespero da índia, a dor lhe devora.
Jaci e Tupã, deuses da infinita união,
comovidos por tão grande dor,
encantam o casal e desfazem a separação,
para, como pássaros, viverem seu amor.
Agora entende-se: do João-de-barro, a fidelidade;
de ser símbolo da harmonia no lar;
e o seu canto de alegria e felicidade,
por terem a dádiva da eternidade para amar,
por terem a dádiva da eternidade para amar,
por terem a dádiva da eternidade para amar.
Fonte: J Coelho
nem imagina o porquê da celebração.
Trata-se dum casal de índios encantado,
para realizar o amor em eterna união.
Jaebé, guarani jovem e forte
e, de sua tribo, a índia mais bela
entregam ao amor a sua sorte.
Mas, a tradição exige dele grande prova
e, ao cumpri-la é levado à morte.
Além do desespero da índia, a dor lhe devora.
Jaci e Tupã, deuses da infinita união,
comovidos por tão grande dor,
encantam o casal e desfazem a separação,
para, como pássaros, viverem seu amor.
Agora entende-se: do João-de-barro, a fidelidade;
de ser símbolo da harmonia no lar;
e o seu canto de alegria e felicidade,
por terem a dádiva da eternidade para amar,
por terem a dádiva da eternidade para amar,
por terem a dádiva da eternidade para amar.
Fonte: J Coelho
O JOÃO-DE-BARRO
O João de Barro, pra ser feliz como eu
Certo dia resolveu
Arranjar uma companheira
No vai-e-vem
Com o barro da biquinha
Ele fez sua casinha lá no galho da paineira
Certo dia resolveu
Arranjar uma companheira
No vai-e-vem
Com o barro da biquinha
Ele fez sua casinha lá no galho da paineira
Toda manhã, o pedreiro da floresta
Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava
Mas quando ele ia buscar o raminho
Para construir seu ninho o seu amor lhe enganava
Cantava fazendo festa, pra aquela quem tanto amava
Mas quando ele ia buscar o raminho
Para construir seu ninho o seu amor lhe enganava
Mas neste mundo o mal feito é descoberto
João de Barro viu de perto sua esperança perdida
Cego de dor
Trancou a porta da morada
Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida
João de Barro viu de perto sua esperança perdida
Cego de dor
Trancou a porta da morada
Deixando lá a sua amada presa pro resto da vida
Que semelhança entre o nosso fadário
Só que eu fiz o contrário do que o João de Barro fez
Nosso senhor me deu força nessa hora
A ingrata eu pus pra fora
Onde anda eu não sei
Só que eu fiz o contrário do que o João de Barro fez
Nosso senhor me deu força nessa hora
A ingrata eu pus pra fora
Onde anda eu não sei
Fonte: Musixmatch
Compositores: Teddy Vieira De Azevedo / Muhib Cury
Letra de João de barro © Universal Mus. Publishing Mgb Brasil Ltd