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A luta cíclica contra o preconceito racial

A luta cíclica contra o preconceito racial –

Nos últimos tempos, o recrudesceu no . Esse comportamento criminoso é cada vez mais comum em nosso país, onde, antes mesmo desse “estímulo recente”, sete em cada dez pessoas assassinadas são negras, conforme a Organização das Nações Unidas (ONU).

Ainda segundo a ONU, na faixa etária de 15 a 29 anos, são cinco vidas perdidas para a a cada duas horas. De 2005 a 2015, enquanto a faixa de homicídios por 100 mil habitantes no Brasil teve uma queda de 12% para os não negros, entre os negros houve um aumento de 18,2%.

Nada disso é novidade. O vem denunciando há tempos o extermínio da juventude negra. Dados da Anistia Internacional mostram que, dos 30 mil jovens vítimas de homicídios por ano, 77% são negros.

Em que pese a letalidade que se vê nas ruas contra a população negra, a luta antirracista obteve vitórias importantes, como a inclusão no sistema educacional brasileiro da Lei 12.711/12, que determinou a criação de cotas de vagas em universidades públicas para a população negra.

Para assegurar sua maior presença no campo do trabalho foi determinada, também, por meio da Lei 12.990/14, uma cota de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para as pessoas negras.

Trata-se de ações afirmativas importantes para diminuir as disparidades econômicas, sociais e educacionais entre brancos e negros no Brasil.

Entretanto, há muito a ser feito. Hoje no Brasil menos de 7% das terras reconhecidas como pertencentes a povos remanescentes de estão regularizadas. Conforme a Agência Brasil, nos últimos 15 anos, 206 áreas com cerca de 13 mil famílias foram tituladas pelo Instituto Nacional de Colonização e (Incra).

Ocorre que, desde 1988, o Estado brasileiro já reconheceu oficialmente cerca de 3,2 mil comunidades quilombolas. Porém, sem certificação, os territórios que remontam ao período colonial e que serviram de refúgio para negros escravizados ficam inacessíveis para as básicas e se tornam alvo de conflitos.

Sabemos que estamos vivendo um momento político desfavorável para garantir esses e muitos outros direitos. Mas o povo negro não foge à luta. Estamos vigilantes e decididos a defender nossos jovens, sem nunca esquecer a luta de nossos ancestrais.

ieda111Iêda Leal de Souza
Vice Presidenta do Sintego
Secretária de Combate ao Racismo da CNTE
Conselheira do Conselho Estadual de – CEE/GO
Coordenadora do Centro de Referência Negra Lélia Gonzales
Coordenadora Nacional do Movimento Negro Unificado – MNU
Vice Presidenta da CUT – Goiás

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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