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A SAÚDE VOLTOU

A SAÚDE VOLTOU

Por Nísia Trindade

Por uma feliz coincidência começo a jornada como Ministra da , no dia 2 de janeiro, o Dia do Sanitarista, um dia consagrado a todas e todos os trabalhadores que se dedicam à saúde coletiva, com foco na promoção da qualidade de vida, esse bem maior e direito que temos que assegurar a todos.

A saúde, como bem nos falou o grande sanitarista Sergio Arouca, lembrando o que postula a OMS, não é a de doença, mas uma condição de bem-estar físico e mental.

Minha gestão se pautará por esse imprescindível colaborativo. Por isso, saúdo a todas e todos os Ministros e Ministras que comigo trilharam esse caminho pela saúde, pela vida, pelo bem-estar da nossa sociedade. A nós caberá a execução do programa Brasil do Futuro do e vice Geraldo Alckmin. E como ontem foi colocado na cerimônia de posse, isso será feito no caminho da união e reconstrução (…)

São 70 anos de criação do MS, mas apenas com a criação do SUS e com o que se estabeleceu pela de 1988 podemos assegurar a saúde como direito de todos e obrigação do Estado Brasileiro.

Este Ministério, então, teve a capacidade de coordenar as ações do maior sistema universal do mundo, em um país tão desigual onde o direito à saúde só se efetivou, ainda que com as dificuldades conhecidas, no final do século XX! Um país em que os males do século XIX se somam os problemas do século XX e os desafios do século XXI.

Um país de imensas desigualdades territoriais: onde a não se separa da . Um país que vive a transição demográfica, com o envelhecimento de sua população, mas que requer uma adequada política de cuidado e promoção da saúde da população idosa. Um país que também não cuida de forma adequada a suas crianças e jovens, especialmente, os mais pobres, os pretos, que sofrem com a violência nas favelas e periferias, vítimas de processos de violência e exclusão (…).

A integralidade na perspectiva das linhas de cuidado e redes de atenção, com reforço a capacidade resolutiva na Atenção Primária será um princípio orientador de nossa atuação. Para tanto são imprescindíveis a retomada e o fortalecimento da Política Nacional da Atenção Básica.

Teremos aqui o desafio de ações emergenciais como o provimento de médicos, com a retomada do Programa Mais Médicos, ao fortalecimento da Estratégia da Saúde da Família, a retomada do financiamento aos NAFS, e olhar para as diferentes áreas que compõem a atenção básica, que representou um grande avanço para a saúde em nosso país.

O Brasil está de volta. O Ministério da Saúde (MS) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) são os espaços estruturantes da governança da diplomacia da saúde no governo federal, onde é imprescindível, no campo político, coordenar as posições para a participação coerente do Brasil nos diversos espaços políticos globais, regionais e sub-regionais antes mencionados, e em muitos outros, nos quais a saúde está presente. Outra dimensão essencial na diplomacia da saúde é a cooperação internacional.

No campo político, a orientação é recuperar o protagonismo do Brasil no espaço da saúde global e regional, valendo-se dos princípios da construção de soluções comuns, da internacional e da equidade na saúde.

No Brasil, a parte da população que não participa dos benefícios do desenvolvimento é tão grande que este passa a ser um dos principais problemas, senão o prioritário, de quem governa o Brasil. Esta exclusão tem gênero, raça, classe social, estigma e os sinais para lutar por sua superação foram dados ontem. Não é possível separar a saúde do universo dos direitos da .

São essas convicções que nos animam. É também a força de coletivos tão vigorosos que nos apontam caminhos. Como dizia Riobaldo, em Grande Veredas: o que a vida quer da gente é coragem.

Recorro também a uma de minhas poetas preferidas Cecilia Meireles para dizer que a vida só é possível reinventada. Saúde não é ausência de doenças; saúde é bem viver. E é este sentido positivo da saúde que procurarei realizar nesse momento histórico precioso de união e reconstrução do Brasil.

nisia 2021

Nísia Trindade – Cientista Social, socióloga, professora, ex-presidenta da Fundação Osvaldo Cruz, Ministra da Saúde. Excertos do seu discurso  na cerimônia de posse como Ministra de Estado, em 2 de janeiro de 2023,  editado por limitações de espaço. Confira o texto na íntegra em: https://www.gov.br/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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