Os Abalachos da Cruz e as Coisas Fortuitas da Depressão

Os Abalachos da Cruz e as Coisas Fortuitas da Depressão –

Por: Padre Joacir S. D´Abadia –

Em “meio” de abalachos e coisas fortuitas está a mais bela e solitária ideia de buscar seu objetivo, que às vezes faz com que a sua vida se torne um “mais que isso”, um peso, um desafio para suportar. Pois, de repente, a depressão, junto com o o câncer,  passou a ser uma das que mais preocupa a humanidade. Isso mesmo, a depressão tem causado muita destruição nas famílias. Deixa um rastro de desespero por onde passa. Um verdadeiro mar de incertezas. Ela faz pesar, e muito, a própria vida.

Coloca a pessoa tão triste a ponto de deixar as outras do seu convívio também envolvidas com sua tristeza. Com isso, a pessoa se isola, dando uma abertura para a solidão. Não vê sentido em nada e, em muitos casos,  até mesmo a vida perde seu encanto. Vem, então, o desalento, envolvendo todos os seus medos. Contudo, a única luz que brilha é a fé em Deus. Nele sua confiança recebe fortaleza, sua tristeza e solidão transferem-se para a gratuidade de sua crença, deixando no deserto da depressão apenas as pegadas de quem caminha em direção à sua vitória, uma conquista iuminada, mesmo que seguida com as cruzes da vida.

Os abalachos, isto é, as ideias de um viver, se encontram com serena providência, em saber qual e como fazer com este ideal de vida. Porém, com as “depressões”, ou mesmo com os “quebra-molas” – altos e baixos – que nossa vida mostra de forma clara, este ideal de vida, que é o de pegar a sua e escrever em uma frase seguindo com mãos postas em um desejo que se anima com a doce cruz.

Ao perceber que existe uma doce cruz, nada pode continuar sendo fortuito. O mesmo seria fazendo com sua história, se a ela entrássemos. Com os altos e baixos encontrados em nossas vidas, nos anima a carregar essa doce cruz, que nos leva ao encontro com os outros “eus”, animais, que existem no ser humano.

Será que os seres humanos, merguhados em suas doenças, principalmente as do nosso , podem ser considerados de abalachos e coisas fortuitas? Contudo, espero que seja somente abalacho, porque assim estarei carregando minha doce cruz com menos ar de penúria. Quero, pois, alegrar-me com cada dia em que retorno àquele lugar chamado humano.

Volto com medo? No entanto, com uma esperança: que o de Deus possa tocar o coração daqueles homens e que padecem seus males. Seria pouca esperança? Não. Porque segundo a de 1Jo 4,8, “Deus é o próprio amor.”  Então isso é o que meu coração, com seus altos e baixos, deseja: que todas as pessoas que já tenham passado pelo sofrimento da depressão encontrem Deus.

Assim sendo, ao pegar cada qual sua doce cruz e partir em missão diária, seja com palavras, com o o coração, ou com abalachos e nunca como sendo coisa fortuita àquela Missão: ir ao encontro do humano do outro. Assim, segue com Cristo: pela graça, deixando as incertezas do câncer para trás, como também os sofrimentos da depressão, dando à vida uma nova docilidade para poder viver: uma luz divinal.

ANOTE AÍ:

Joacir

 

Padre Joacir S. D´Abadia – pároco de Alto Paraíso de . Filósfo. Escritor. Articulista. Especialista em Docência do Ensino Superior. Membro da Academia de Artes e Letras do Goiano -ALANEG e da Casa do Brasileiro – Seção -Goiás. Colunista filosófico das revistas Xapuri e Bem Viver, e do jornal Alô, Vicentinos!

Contato: 61-9 9931 5433 (zap) joacirsoares@hotmail.com

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Respostas de 2

  1. Depressão,câncer é a pior doença destes tempos em que estamos vivevendo somente pela fé podemos vencer todas as adversidades.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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