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Assim é Nonô Nolêto: Vai vivendo! E vai voando!

Assim é Nonô Nolêto: Vai vivendo! E vai voando!

Muito lindo este depoimento da Nonô Laurenice Noleto por ela mesma: 

Vejam: já sou história!

Como Laurenice Nolêto Alves ou Nonô Noleto, meu nome é citado em matéria de 03 de abril deste ano do jornal O Popular, como jornalista que, “no final dos anos 70”, entrevistou o ator Paulo Autran.

Mas, eu acho que deve ter sido no final dos anos 60 e não 70, considerando que foi no ano de 69 que bati na porta da sala do editor chefe do jornal, o jornalista Wagner de Góis, pedindo emprego, quando estava ainda no primeiro ano do Curso de Jornalismo da UFG.
Fui a primeira mulher a trabalhar na redação de O Popular, cuja sede ainda era num prediozinho da avenida Goiás.
Eu trabalhava à noite e fazia a diagramação das páginas nacional e internacional. As notícias chegavam via “Telex”, sendo e decodificadas e editadas pelo jornalista e mestre Sérgio Paulo Moreira. Aprendi a diagramar “in loco”, com o nosso saudoso “Spadão”, que acabava de chegar a Goiás, vindo de Bauru, SP.
 
Mas, vez por outra, era solicitada a fazer uma pequena matéria. Lembro-me também de ter assinado um mini artigo sobre as ruas esburacadas de Goiânia, numa edição especial em comemoração ao aniversário da nossa Capital e do próprio Jornal.
 
Era também um marco histórico para a imprensa goiana, que via pela primeira vez um jornal sair da arcaica tipografia para uma moderna produção gráfica pelo sistema “off-set”.
 
Em Goiás, dentre outras redações, passei também pelos extintos “Folha de Goiáz” e semanário “Cinco de Março”.
Na TV Brasil Central – entrei em 1976, colocando no ar a primeira edição do telejornal da emissora. Depois, fui Diretora Geral daquela TV, das duas rádios e da gráfica que integram aquele complexo de comunicação.
 
Mas, entre um tempo e outro na imprensa goiana, alcei voo até Brasília, quando trabalhei na grande imprensa nacional, incluindo a cobertura da Constituinte de 88 para a RBC e para os jornais Folha de São Paulo e Correio Braziliense.
 
Fiz assessorias de imprensa para instituições diversas, desde a extinta AGD – Agência Goiana de Divulgação à OAB-GO, PT-Goiânia, Grande Loja Maçônica de Goiás e o CNPq, em Brasília, dentre outros.
 
E, ainda, como jornalista, participei de várias campanhas eleitorais majoritárias em Goiás e no Tocantins.
Enfim, a partir da morte do meu marido, o também jornalista Wilmar Alves, em 2006, deixei as redações mas continuo escrevendo aqui e acolá.
 
Faço parte do Conselho Editorial da revista socioambiental Xapuri e escrevo histórias, agora em livros. Já são cinco editados.
 
Além do Jornalismo também respiro política o tempo todo: no PT, porque não abro mão dos meus direitos de sonhar e de lutar, enquanto cidadã; no Sindicato dos Jornalistas, porque navegar é preciso e, juntos, temos mais força para remar; e fazendo artevismo no Bloco Não é Não, porque ninguém pode impedir qualquer mulher de sonhar, de sorrir, cantar, de ser feliz… de voar!!!
 
Assim vou vivendo! E voando!

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

 
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