Bioma de Mulheres: Um mosaico de saberes ancestrais
Entre os dias 19 e 21 de abril deste ano, ocorreu, na cidade de Xapuri, no Acre, com visita, no primeiro dia, ao Seringal Dois Irmãos, localizado na Reserva Extrativista Chico Mendes, o “Bioma de Mulheres: Um Encontro Histórico para Fortalecer a Rede de Mulheres dos Biomas brasileiros“; ou “Um Mosaico de Biomas e Saberes Ancestrais”; ou o “Empate das Mulheres dos Biomas: Um Chamado à União e à Ação”; ou seja, um encontro histórico que semeia a esperança para o futuro.
Todos esses nomes tratam de um mesmo acontecimento: Em um encontro histórico que reuniu mulheres guerreiras e guardiãs dos biomas brasileiros, o “Bioma de Mulheres” consolidou-se como um movimento promissor para fortalecer a rede de mulheres e defender a vida, a terra e a cultura. Mais do que um evento de três dias, o “Bioma de Mulheres” representou um marco na luta por um futuro mais justo, sustentável e equitativo para os povos e comunidades tradicionais.
Inspiradas pelo legado de Chico Mendes, as mulheres que participaram do encontro, realizado pelo Comitê Chico Mendes, em homenagem ao grande líder defensor da Amazônia, o “Bioma de Mulheres” carregou e vai continuar carregando consigo o legado de luta e esperança deixado por Chico Mendes.
Sob a inspiração de um legado que surge, o encontro reuniu mulheres de todos os biomas brasileiros, cada uma com suas histórias, saberes ancestrais e vivências únicas a serem compartilhadas. Essa rica diversidade cultural tecerá um mosaico inspirador, fortalecendo a identidade coletiva e construindo pontes entre as diferentes culturas dos biomas brasileiros.
Com sua presença, Angela Mendes, filha de Chico, honrou a memória de seu pai e inspirou as mulheres a seguirem na defesa da Amazônia e de todos os biomas brasileiros, neste encontro marcado pela diversidade e pela ancestralidade, e que consolida um movimento em construção, um primeiro passo para a tessitura de uma rede sólida e duradoura, onde as mulheres indígenas possam se conectar, trocar experiências, articular ações conjuntas e amplificar suas vozes na luta por seus direitos.
Ao final do evento, as participantes firmaram um compromisso conjunto com o futuro, traçando os caminhos que pretendem seguir em busca de um porvir mais justo, sustentável e equitativo para seus povos e seus biomas por inteiro. A união e a força dessa rede serão ferramentas poderosas para superar os desafios que se apresentam e construir um amanhã promissor para as mulheres e todos os seus biomas.
O Bioma de Mulheres segue em frente, portanto, como um convite ao empate de todas as mulheres, trabalhando juntas por um mundo mais justo, usando a mesma tática de ação usada por Chico Mendes, seus companheiros e suas companheiras de luta.
O Empate consistiu, segundo definição da antropóloga Mary Allegretti (2008), “na mobilização pacífica que os seringueiros do Acre realizavam para impedir o desmatamento das áreas de seringais entre 1976 e 1988 (Allegretti, 2008).

Para o Bioma de Mulheres, o Empate é, portanto, um chamado para que todas as mulheres dos biomas Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica, Cerrado, Pampa e Pantanal (indígenas, extrativistas, agricultoras, benzedeiras, rezadeiras, parteiras e muitas outras) se unam em prol de um mundo mais justo e harmonioso.
É tempo de celebrar a diversidade, fortalecer a sororidade e construir pontes entre diferentes culturas. Juntas, as mulheres do Bioma de Mulheres podem tecer um futuro em que suas vozes sejam ouvidas e respeitadas, seus direitos sejam garantidos e suas culturas possam florescer.
Viva o Bioma de Mulheres, essa semente poderosa que germina a esperança por um futuro mais verde, justo e igualitário, que reflete em todo nosso planeta!
Cristina da Silva – Pesquisadora Socioambiental. Militante das causas das mulheres dos povos da Floresta.