Brasil é campeão mundial de perda florestal em 2017

é o país do que teve mais perda florestal em 2017

 

Em tempos de Copa do Mundo, a comparação fica bem clara. O planeta perdeu o equivalente a um campo de futebol de florestas, por segundo, no ano passado, ou mais exatamente, 29,4 milhões de hectares.

O dado acaba de ser divulgado pelo relatório Global Forest Watch e revela que este é um segundo recorde de desmatamento desde que o monitoramento começou a ser feito em 2001. O levantamento é baseado em informações obtidas através da comparação de 30 milhões de imagens de satélite em alta resolução.

destruição de florestas no mundo todo não apenas coloca em risco a sobrevivência de milhares de espécies de e plantas, como também deixa a humanidade em uma situação ainda mais vulnerável perante as , já que as árvores são um dos principais instrumentos para a absorção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, o gás apontado como sendo o principal responsável pelo .

Desde 2003, a perda da cobertura florestal do planeta triplicou, todavia, em áreas tropicais, ela dobrou desde 2008. E o Brasil tem grande culpa nestes cálculos, já que foi o campeão neste triste ranking no ano passado, seguido – bem de longe – pela República Democrática do Congo.

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Brasil perda florestal“A principal razão pela qual as florestas tropicais estão desaparecendo não é um mistério – vastas áreas continuam sendo desmatadas para dar lugar à , carne bovina, óleo de palma, madeira e outras commodities comercializadas globalmente. Grande parte desse desmatamento é ilegal e ligada à “, disse Frances Seymour, do World Resources Institute, que produz o Global Forest Watch, junto a outros parceiros, em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

Depois de uma década de queda do desmatamento na , nos últimos anos os índices de destruição da voltaram a subir. Temos mostrado, mês a mês, aqui no Conexão Planeta, notícias sobre o aumento de áreas devastadas, sobretudo nos estados de Mato Grosso, Rondônia, Amazonas, Roraima e Pará.

O que tem agravado ainda mais o combate ao desmatamento no Brasil é o enfraquecimento das políticas públicas de proteção ao . O governo federal tem cedido ao lobby das indústrias agropecuária e mineradora em troca de apoio para sua base em Brasília. Uma moeda de troca que tem sido responsável pela destruição de milhares de hectares de florestas no país.

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Brasil perda florestal

Em rosa claro e escuro, áreas degradadas e desmatadas na região Amazônica

ANOTE AÍ

Foto: Felipe Werneck/Ibama/Creative Commons/Flickr e demais imagens Global Forest Watch

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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