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Brasil produz pneu sustentável com resíduos agrícolas que economiza combustível e tem vida útil 8 vezes maior

produz pneu sustentável com resíduos agrícolas que economiza combustível e tem vida útil 8 vezes maior

Somente no Brasil, cerca de 90 milhões de pneus são descartados por ano. Pneus esses que ocupam muito espaço nos aterros sanitários, liberam toxinas que contaminam os lençóis freáticos e, muitas vezes, são queimados, liberando gases extremamente tóxicos na atmosfera.

Por Débora Spitzcovsky/The Green Post

E se fosse possível ajudar a lidar com todos esses desafios a partir da produção de um pneu mais sustentável? Depois do pneu feito da planta dente-de-leão, vem aí o pneu produzido com resíduos agrícolas – e fabricado 100% no Brasil.

Trata-se do pneu Eaggle Go, inovação da Goodyear, que segundo a multinacional é 90% composto por materiais sustentáveis. Os principais são óleo de soja, excedente do processo de produção da proteína de soja, e resíduos de casca de arroz, que também sobram das etapas de processamento do cereal e acabam nos aterros sanitários.

A Goodyear também destaca o novo poliéster usado no pneu: em vez do convencional à base de , a multinacional optou por uma alternativa mais sustentável, feita de resinas biorrenováveis da árvore pinheiro.

Testes de performance mostraram que, além de ter matéria-prima muito mais sustentável, o Eaggle Go tem melhor desempenho, podendo rodar até 500 mil quilômetros – uma vida útil 8 vezes maior do que a de um pneu convencional, que roda cerca de 60 mil quilômetros – e ainda gasta menos combustível, por ter melhor aderência.

Será que a tendência pega? A Goodyear se comprometeu a disponibilizar o Eaggle Go para o mercado ainda em 2023 e mais: a multinacional tornou público o desafio de, até 2030, lançar o primeiro pneu 100% sustentável da indústria automobilística. Aguardemos cenas dos próximos capítulos…

Leia também: Pneus velhos são usados como matéria-prima para fazer concreto sustentável.

 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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