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Brasil Sorridente se torna política de Estado

Sorridente é relançado e bucal se torna de Estado­

Lula sancionou que inclui a Política Nacional de Saúde Bucal na Lei Orgânica da Saúde, o que torna o atendimento odontológico pelo SUS uma política de Estado definitiva

Nesta segunda-feira (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o Projeto de Lei 8.131/2017, que institui a Política Nacional de Saúde Bucal, denominada Brasil Sorridente. Com a medida, a saúde bucal torna-se política de estado ao fazer parte, em definitivo, do campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS).

O projeto altera a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para incluir a saúde bucal na Lei Orgânica da Saúde, o que garante o atendimento universal e permanente.

Com a retomada do Brasil Sorridente, Lula dá mais um passo para reestruturar o SUS, sucateado nos últimos anos. Além disso, a medida completa o rol de relançamentos de programas sociais que foram importantes nos dois primeiros governos Lula.

Política de Saúde Bucal

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que serão credenciadas de imediato 3.685 novas equipes de saúde bucal e 630 novos serviços e unidades de atendimento. Com isso serão 33,3 mil equipes de saúde bucal. Isso significa mais de 10 milhões de pessoas alcançadas, atendendo um total de 111,6 milhões de brasileiros beneficiados.

O governo espera que até o final de 2026 o número de equipes cresça de 33,3 para 59 mil.

No lançamento, Lula indicou que trabalha com a ministra para que cirurgiões-dentistas e equipes de saúde bucal avaliem crianças nas escolas públicas.

“Eu quero que esse programa garanta que a gente tenha dentista para ir à sala de aula ver todas as crianças de uma . Tem que ver se a precisa de um tratamento e educar esta criança a partir da escola para que daqui a 20 ou 30 anos as pessoas possam comer o que quiserem, possam sorrir”, disse.

Na sua fala, o presidente também indicou que o Brasil Sorridente é “extraordinário porque recupera a dignidade do ser humano, recupera o orgulho”. Ao dizer que o do mandato é curto para realizar tudo o que deseja, direcionou críticas ao governo Bolsonaro e afirmou que atua para recuperar o que foi atacado, como os recursos para a saúde.

“Tenham consciência que nesse pouco tempo que vamos ter, temos que fazer mais do que nos outros mandatos. A gente tem obrigação de fazer mais, uma parte é recuperar tudo o que foi destruído. Vocês não têm noção de como foram destruídas as coisas que levamos 13 anos para fazer. Eles levaram 4 anos para destruir”, criticou.

Durante a cerimônia estiveram presentes o presidente Federação Interestadual dos Odontologistas, José Carrijo, o deputado Federal, Jorge Solla (PT) e o senador Humberto Costa (PT), responsáveis pela apresentação do PL 8.131 no Congresso. Durante as falas diversas críticas foram feitas aos governos Temer e Bolsonaro, indicados como responsáveis pelo desmonte do SUS e, consequentemente, pela piora dos índices de saúde bucal no Brasil.

Também estiveram presentes o secretário de Atenção Primária do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes, e a coordenadora Geral de Saúde Bucal, Doralice Severo da Cruz.

Brasil Sorridente

Criado em 2004, durante o primeiro governo de Lula, o Brasil Sorridente teve fundamental importância para disseminar o atendimento odontológico no país. Na época, a medida representou um grande avanço para o SUS e para a saúde da população. Estima-se que mais de 80 milhões de pessoas receberam atendimentos odontológicos promovidos pelo Brasil Sorridente.

Fonte: Murilo da Silva/Portal Vermelho

Capa: Ministério da Saúde 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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