Sinpro/DF inaugura exposição Chico Mendes Herói do Brasil

Sinpro/DF inaugura exposição Chico Mendes Herói do Brasil

O Sinpro-DF convida a comunidade escolar e a do Distrito Federal e região para a inauguração da exposição permanente “Chico Mendes Herói do Brasil” . A exposição será inaugurada na próxima segunda-feira (4/11), às 17h30, no Espaço Educador Chico Mendes, na Chácara do Professor (Núcleo Rural Alexandre Gusmão, em Brazlândia).

A mostra é uma parceria entre o Sindicato dos e Trabalhadoras Rurais de Xapuri-Acre, o Memorial Chico Mendes e o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), e  registra a trajetória de vida e de lutas do líder sindicalista e ambientalista Chico Mendes nos seringais do Acre, no coração da Amazônia.

Produzida pela Socioambiental, o é composto por quadros impressos em papel canvas, com molduras em madeira de demolição, dentre os quais se destacam o bilhete de Chico Mendes para a juventude do futuro, o Projeto Seringueiro (primeira escola para extrativistas no Estado do Acre), os Empates (método de resistência pacífica contra o desmatamento as várias formas de organização e resistência em defesa da Amazônia e dos povos que nela e dela vivem.

O título “Chico Mendes Herói do Brasil” corresponde também ao texto de abertura da exposição, escrito pelo presidente Lula para o livro Vozes da Floresta, publicado pela Xapuri por ocasião dos 20 anos do assassinato do Chico Mendes, em 2008.

A atividade contará com a presença de , filha de Chico Mendes; Raimundo Mendes de Barros, primo e companheiro de lutas de Chico Mendes; Júlia Feitoza Dias, companheira de lutas e apoiadora de Chico Mendes no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xapuri; Joaquim Correa de Souza Belo, presidente do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e mais de 30 lideranças comunitárias do movimento da Amazônia e dos demais brasileiros.

Para celebrar esta grande conquista da brasilense, o Sinpro-DF organizou para o dia do lançamento uma tarde de reflexão sobre o legado de Chico Mendes, composta por: Seminário “Extrativismo e Sustentabilidade – Lições aprendidas e caminhos por percorrer”; declamação do “Cordel para Chico Mendes, por ; lançamento do livro “Chico Mendes – Um grito no ouvido do ” por Nilo S. Melo Diniz; e, após a abertura da exposição, momento cultural “Banda Talo de Mamona convida Emilia Moreira”. Os(as) participantes do Seminário terão direito a certificado de participação.

Para inscrição e/ou mais informações: contato@xapuri.info ou via zap (61) 99611 6826.

Fonte: SINPRO-DF

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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