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Brevidade

BREVIDADE: O BOLO DE AVÓ QUE RESISTE AO TEMPO

Brevidade: O Bolo de Avó que Resiste ao Tempo

Na história da gastronomia, muitos pratos são imortalizados através da tradição familiar e dos costumes culturais. Entre esses pratos, o bolo de brevidade se destaca como um verdadeiro tesouro da culinária mineira, oferecendo um vislumbre encantador de tempos passados. Este bolo não é apenas uma receita, mas uma peça de história que conecta gerações e preserva a através da culinária.

Por Lúcia Resende

A Importância da Cozinha na Tradição Familiar

Antigamente, a cozinha era o coração da casa, o local onde os laços familiares eram fortalecidos e histórias eram contadas. O calor do fogão a lenha, a fragrância dos quitutes sendo preparados e a conversa ao redor da mesa eram elementos centrais na vida doméstica.

Hoje, embora muitas dessas práticas tenham se perdido, a cozinha ainda permanece como um espaço simbólico de união e tradição. O bolo de brevidade é um exemplo perfeito de como as receitas antigas continuam a alimentar nossas memórias e paladares.

A História do Bolo de Brevidade

O bolo de brevidade é um legado culinário vindo do Triângulo Mineiro, especificamente da fazenda Aldeia dos Índios, em São Francisco de Sales. Esta receita tem suas origens no início do século XX, quando era preparada por Enézia Cândida de Oliveira. Com o passar dos anos, essa receita passou de geração em geração, mantendo viva a tradição e os sabores autênticos da época.

A história da brevidade é marcada pela paciência e pelo trabalho manual exigidos em sua preparação. Naquela época, a falta de eletrodomésticos como batedeiras elétricas tornava o processo de fazer este bolo um verdadeiro desafio. A receita exige uma batida incessante à mão, um processo que pode levar muito tempo, mas que resulta em um bolo com um sabor incomparável.

Ingredientes Simples, Sabor Inigualável

O segredo do bolo de brevidade reside na simplicidade de seus ingredientes. São eles:

  • 5 gemas
  • 5 ovos inteiros
  • 1 prato fundo de açúcar
  • 1 prato fundo de polvilho doce
  • 1 pitadinha de sal
  • Raspas de limão (ou baunilha, cravo, canela, a gosto)

Estes ingredientes são comuns e acessíveis, mas a mágica está na combinação e no processo de preparo que transforma esses elementos simples em uma iguaria deliciosa.

Como Preparar o Bolo de Brevidade

  1. Preparação dos Ingredientes: Comece separando as gemas dos ovos e medindo o açúcar e o polvilho doce. As raspas de limão devem ser preparadas se você optar por usá-las.

  2. Mistura dos Ingredientes: Bata os ovos e o açúcar na batedeira até que estejam bem misturados. Desligue a batedeira e adicione o polvilho aos poucos, misturando com uma colher para garantir que a mistura fique homogênea. Adicione a pitadinha de sal e as raspas de limão, se estiver usando.

  3. Batedeira em Ação: Ligue novamente a batedeira e bata a mistura até que comece a formar bolhas, o que deve levar cerca de 10 a 15 minutos. Este passo é crucial para garantir a textura leve e aerada do bolo.

  4. Preparação para Assar: Unte as formas e coloque a massa apenas até a metade, pois o bolo cresce bastante durante o cozimento. Preaqueça o forno a uma temperatura média e asse o bolo por cerca de 40 minutos. Fique atento para não deixar o bolo dourar excessivamente, pois isso pode ressecar o produto final.

  5. Teste de Cozimento: Para verificar se o bolo está pronto, espete um palito no centro. Se sair limpo, o bolo está assado.

  6. Serviço: O bolo de brevidade é melhor apreciado acompanhado de um bom café. Sirva ainda morno para uma experiência completa.

A Versatilidade das Claras Restantes

Após preparar o bolo de brevidade, você terá claras de ovos restantes. Essas claras podem ser aproveitadas para criar outras delícias, como suspiro, glacê real ou pudim de claras. Essas opções são ideais para não desperdiçar ingredientes e ainda criar sobremesas adicionais.

O bolo de brevidade é mais do que uma receita; é uma conexão com o passado, um símbolo de tradições e uma maneira deliciosa de manter viva a cultura familiar. Ao preparar este bolo, você não está apenas seguindo uma receita antiga, mas participando de um ritual que une passado e presente, mantendo as tradições culinárias vivas para as futuras gerações. Aproveite cada mordida e celebre a rica herança que este simples bolo representa.

Para aqueles que buscam mergulhar ainda mais na rica história da gastronomia mineira e explorar outras receitas tradicionais, continue acompanhando nossas edições e descubra mais sobre os pratos que moldaram e continuam a moldar nossas mesas e memórias.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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