Carreteiro com óleo de buriti: Uma receita do Cerrado 

CARRETEIRO COM ÓLEO DE BURITI: UMA RECEITA DO CERRADO

Carreteiro com óleo de buriti: Uma receita do Cerrado 

O Buriti é uma palmeira, assim como a buritirana, a bacaba, o babaçu, a gueiroba e a piaçava. Dele tudo se aproveita, desde as folhas (ou palhas) até a raiz. É por isso que muita gente chama o buriti de árvore da vida

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Além de cestos, bolsas, costuras, vassouras, fios para costura, móveis, brinquedos, doces e sucos, também se faz, a partir do fruto, o óleo de buriti, usado tradicionalmente pelos povos do Cerrado para ajudar na cicatrização de feridas e queimaduras, aliviar a dor de picadas de insetos, para amenizar problemas respiratórios e até mesmo para curar picadas de cobras. Carreteiro

Recentemente, foram feitas pesquisas científicas que confirmaram que o óleo de buriti tem ação bactericida e possui antioxidantes e vitaminas, que servem para a produção de cosméticos e como protetor solar. Carreteiro

O óleo de buriti é também utilizado na culinária, principalmente para fritar carnes e peixes. Uma das receitas clássicas dos povos do Cerrado utilizando o óleo de buriti é o famoso Carreteiro com Óleo de Buriti, que reproduzimos aqui em versão de Rita Medeiros. Carreteiro

INGREDIENTES

1 dente de alho

1 colher de sopa de cebola ralada

3 colheres de sopa de óleo de buriti

3 colheres de sopa de óleo de girassol

½ quilo de charque, ou carne seca, em pedaços pequenos

3 xícaras de arroz

Salsinha, coentro e cebolinha cortados bem finos

MODO DE FAZER

Se tiver excesso de sal no charque, retirá-lo deixando a carne de molho em água. Refogar o alho e a cebola em uma panela funda, de ferro, com os óleos de buriti e de girassol. Adicionar o charque em pedaços e fritar bem. Em seguida, adicionar o arroz. Depois despejar água fervente e deixar cozinhar por pelo menos vinte minutos. Se houver necessidade, acrescentar sal. Mais cinco minutos de cozimento. Servir assim que retirar do fogo, acrescentando o cheiro verde. Carreteiro

Fonte: “Boas Práticas de Manejo para o Extrativismo Sustentável do Buriti”. Instituto Sociedade, População e Natureza, Brasília, 2017. Carreteiro

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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