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CLAUDIA SHEINBAUM: PRESIDENTA DO MÉXICO

CLAUDIA SHEINBAUM: PRESIDENTA DO MÉXICO

Claudia Sheinbaum: Presidenta do México 

“No llego sola, llegamos todas. Con las heroínas que nos dieron patria,  Nuestras ancestras, nuestras madres, Nuestras hijas e nuestras nietas.” – Claudia Sheinbaum

Por Juliana Oliveira

CLAUDIA SHEINBAUM: PRESIDENTA DO MÉXICO
Foto: Reprodução/Facebook Claudia Sheinbaum

No dia 3 de junho, Claudia Sheinbaum Pardo, nascida em 24 de junho de 1962, foi eleita, com cerca de 60% dos votos, a primeira mulher, em 214 anos de República Mexicana, eleita para presidir o país. 

Por ser a primeira pessoa de herança judaica a ser eleita presidenta em um país majoritariamente católico, conhecido por sua profundamente patriarcal, a eleição de Claudia Sheinbaum é vista como uma conquista de direitos não só para o povo mexicano, mas também para todos os povos das Américas. 

Sheinbaum é física, formada na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), com mestrado e doutorado em engenharia energética, pós-graduação e pós-doutorado em engenharia ambiental, cursado na Universidade de Berkeley, na Califórnia. 

“La Doctora”, como é conhecida a cientista climática e Nobel da Paz, vem de uma família de militantes de . Sua mãe e seu pai, de origem judia, participaram das grandes manifestações estudantis da década de 1960 no México, incluindo das manifestações contrárias à realização dos Jogos Olímpicos, ocorridos na Cidade do México em 1968.

Ela própria se envolveu com os movimentos estudantis e liderou uma greve contra o aumento de mensalidades na universidade pública onde estudava, no México, em 1987.

Começou na política como secretária de Meio Ambiente da capital mexicana, entre 2000 e 2006, sob a gestão de Lopez Obrador. Em 2015, elegeu-se delegada de Tlalpan, território da Cidade do México, onde dedicou-se à promoção da e do sustentável.  

Em 2018, elegeu-se a 1ª mulher chefe de governo da Cidade do México, cargo correspondente ao de governadora no , onde ficou até 2023, com um governo focado em , segurança, sustentabilidade e igualdade de gênero. 

Em 2024, lançou-se candidata pelo Partido Morena (Movimento Regeneração Nacional), mesmo partido de Andrés Manuel Lopes Obrador, atual presidente do país, que a apoiou abertamente, e se elegeu pela coalização Sigamos Haciendo História, da qual o Morena faz parte.  

Em sua plataforma eleitoral, destaca-se a promessa de dar seguimento às políticas de López Obrador, com foco na redução de gastos públicos, combate à , e eficiência nas ações governamentais, incluindo cortes em despesas operacionais do governo federal, como gastos com telefonia, veículos e viagens oficiais.

A eleição de Claudia Sheinbaum é importante para o México, seu mandato merece ser acompanhado de perto e será marcado por desafios.  Um deles é a violência.  Somente no período eleitoral, 38 candidatos foram mortos. Um deles foi morto em 2 de junho, dia do pleito, na porta de casa. 

O narcotráfico também é um problema. Ele já é o quinto maior empregador do país, segundo a revista Science, em dados divulgados pelo jornal O Globo. Há 175 mil pessoas trabalhando para o crime organizado.   

O outro sempre problemático tema é o da imigração latino-americana para os EUA. A fronteira de mais de 3 mil quilômetros que separa os dois países é constantemente motivo de atrito entre eles. E o México, hoje, já é o maior parceiro comercial dos

O outro é a violência contra as mulheres.  Dados oficiais apontam que metade das mexicanas já foi vítima de estupro ao menos uma vez na vida. Há ainda um desaparecimento enorme de mulheres, especialmente crianças entre 10 e 19 anos. Em 2022 havia, só no estado de Monterrey, norte do México, mais de 6 mil desaparecidas. 

A literatura tem sido bastante profícua em retratar os desafios de mulheres no país que será governado pela primeira vez por uma mulher.  Em 2666, Roberto Bolaño aborda de maneira bem detalhada a violência contra as mulheres no norte do México, região das maquiladoras (empresas que fazem manufatura parcial, encaixe ou empacotamento de produto, sem produzi-lo). Morte e desaparecimento estão no enredo. Mas o não tem final. O autor morreu antes de concluí-lo. O livro é de 2004. 

Mais recente, de 2023, é o Cinzas na Boca, de Brenda Navarro, uma jovem escritora e militante mexicana que produz uma obra bruta, que trata de temas difíceis, recheada de amor, mas longe do amor romântico. Mostra a crueza da violência e machismo a que mulheres são submetidas e que as fazem ir embora. 

Ambos devem ser lidos! 

Todo sucesso do a Claudia Sheinbaum.

Juliana Oliveira – Jornalista e Advogada.

CLAUDIA SHEINBAUM: PRESIDENTA DO MÉXICO
Foto: Reprodução/Facebook Claudia Sheinbaum

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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