“A história será implacável”. ROUSSEFF, Dilma. 2016.
filha de Jefferson vai em cana acusada de desviar dinheiro destinado aos pobres
Da Redação
Depois de algumas horas foragida, a candidata à Prefeitura do Rio, Cristiane Brasil, entregou-se à polícia.
Ela e o pai se tornaram ferozes defensores do bolsonarismo depois que o presidente da República acenou com cargos no governo ao PTB, presidido por Roberto Jefferson, o pivô do escândalo do mensalão.
Jefferson, por coincidência, havia sido convidado para uma live com o pastor Silas Malafaia para falar sobre a importância da família cristã nas eleições de 2020 enquanto a filha era procurada pela polícia.
A ex-deputada federal do PTB foi secretária de Envelhecimento Saudável da Prefeitura do Rio, época em que os crimes teriam sido cometidos.
Ela chegou a ser nomeada para o Ministério do Trabalho de Michel Temer, mas a decisão foi revogada depois da divulgação de um vídeo em que ela apareceu num barco acompanhada por quatro amigos sem camisa rebatendo acusações que havia sofrido.
De acordo com a acusação, Cristiane era do núcleo político da quadrilha que desviou de 5% a 25% em propina de contratos da Prefeitura do Rio que deveriam beneficiar os mais pobres.
O grupo teria desviado R$ 110 milhões de contratos firmados em projetos assistenciais destinados a populações carentes, como o que oferecia cirurgias oftalmológicas.
De acordo com a acusação, a propina era paga em dinheiro num shopping da Barra da Tijuca.
Antes de ser presa, a ex-deputada se manifestou nas redes sociais dizendo que é inocente.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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