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CULTURAS E SABEDORIAS INDÍGENAS

CULTURAS E SABEDORIAS INDÍGENAS

Culturas e sabedorias indígenas: Viver com a maior alegria!

Que lindo e saudável observar os avanços demonstrados pela retomada das culturas indígenas dos diversos, ricos e maravilhosos povos indígenas do Estado do Acre, do Sudoeste do Amazonas, do Noroeste de Rondônia e, porque não dizer, de todo Brasil!

Por Antônio Macedo

Me lembro muito bem da voz sufocada, da identidade ocultada, da falta de liberdade com que esses povos viviam no tempo do “Cativeiro” da época dos antigos patrões. Esse tempo passou, rompemos com ele, graças ao criador e hoje podemos ver com luta, mas com alegrias.

Viver com a maior alegria: Viva as culturas indígenas, viva os artistas indígenas, os avanços culturais, a preservação do meio ambiente e a vida com mais dignidade!

Uma breve memória da história indígena e dos seringais no Acre

Antes da chegada de qualquer “branco” na região onde atualmente situa-se o Estado do Acre, aquela terra era o habitat de muitos povos indígenas com suas muitas culturas que, seguindo a história oral das etnias sobreviventes, dão conta de que houve varias tragédias, grandes genocídios de populações indígenas praticados pelas correrias organizadas pelos coronéis de barranco, que iam chegando, dividindo entre eles próprios as regiões de abrangência de seringueiras, formando colocações como unidades de produção e dessa forma aqueles coronéis se apresentavam enquanto donos dos seringais.

Muitas vezes os tais seringais e colocações se superpunham aos territórios de indígenas isolados denominados à época de indígenas brabos, ou selvagens. Quando os indígenas se tornavam um problema para os seringueiros, isso era ruim para uma boa produção de borracha.

Aí os seringalistas organizavam suas turmas de homens armados de Rifle 44 Papo Amarelo, e esses grupos por sua vez tinham como chefe de “correria” pessoas como Massimiãno da Fonseca, Dão Eloi e Dão Abudy, que convidavam e levavam com eles guerreiros e indígenas de outras tribos do Peru, para o uso de bordunas, arco e flecha e da Macãna, que é uma borduna de três quinas.

Esses grupos também podiam pegar e amarrar índias e indígenas mais jovens e entregá-los nos barracões, para serem vendidos aos seringueiros por borracha.

Eu conheci o Muruzinho, ele participava das correrias antes do meu nascimento e me contava todas essas histórias das correrias no decorrer de meu crescimento. Ele morou comigo por 30 anos e me dizia que muitos grupos indígenas foram dizimados durante as lutas na floresta.

Pedro Biló, por exemplo, vivendo sobre o reflexo deixado pelas correrias também foi tido como um devastador de indígenas isolados. Ele se queixava dos indígenasterem matado seus pais no decorrer de um ataque e se alvorou a virar também um dos grandes matadores de indígenas na floresta do Acre.

Antônio Luiz Batista de Macêdo, nascido seringueiro nas florestas do Alto Juruá, formou-se pela vida como sertanista e indigenista, e é hoje uma das grandes lideranças acreanas na luta em defesa da floresta amazônica e dos povos que nela vivem.

OS POVOS INDÍGENAS DO ACRE 

Os povos indígenas representam a diversidade e a riqueza da cultura amazônica tradicional. Suas práticas culturais incluem um conhecimento complexo e detalhado da diversidade biológica amazônica, como atestam o uso tradicional da “ayahuasca”, da vacina do sapo “kampô” e muitas outras.
A população indígena do Acre é bastante diversificada e composta por etnias do tronco lingüístico Aruak, tradicional da região amazônica, e do tronco lingüístico Pano, originário da região andina.

Estes últimos migraram para a bacia amazônica após sucessivos confrontos com os invasores espanhóis que invadiam suas terras a partir do Oceano Pacífico.

Essas etnias representadas pelas culturas dos povos Kaxinawá, Yawanawá, Katukina, Jaminawa, Kulina, Ashaninka, Nukini, Poyanawa, Manchineri, Arara, Apurinã, Kaxarari, indígenas isolados e outros que vivem e transitam pela região de fronteira com o Peru, representam aproximadamente 14.451 indivíduos.

Estes vivem em cerca de 146 aldeias espalhadas por diversas Terras Indígenas. Estas terras, com uma extensão de 2.234.265 hectares, cobrem 13,61% do território acreano.

Fonte: Governo do Estado do Acre: www.ac.gov.br

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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