Demitido Richam Faissal Ellakkis, médico que “ensinou” como matar Marisa na UTI

Esses fdp vão embolizar ainda por cima. Tem que romper no procedimento. Daí já abre pupila. E o capeta abraça ela.  O neurocirurgião Richam Faissal Ellakkis, autor dessa sugestão fascista,  em  um grupo de WhatsApp, sobre como matar a ex-primeira dama Marisa Letícia da Silva  na UTI do Hospital Sírio-Libanês, foi demitido pela Unimed na tarde do dia de hoje, 3 de janeiro de 2017.

Depois de intensa pressão por meio de telefonemas, e-mails e pelas redes sociais, a direção da Unimed divulgou o seguinte comunicado: “A Unimed São Roque repudia veementemente as declarações dos médicos citados nas reportagens que abordam o vazamento de informações sigilosas durante o diagnóstico da ex-primeira dama Marisa Letícia Lula da Silva”.

Segundo a Unimed, o neurocirurgião não era médico cooperado, mas  “médico terceirizado no hospital próprio da cooperativa, por meio de contrato de prestação de serviços” para a  empresa no Hospital de São Roque, no interior de São Paulo.

Também, de acordo com a nota, “As demais medidas relacionadas ao caso estão sendo apuradas pelo Conselho Regional de Medicina do de São Paulo (Cremesp), conforme o Código de Ética Médica”.

Richam Ellakkis é o segundo médico a ser demitido por desrespeito e agressões relacionadas ao internamento e à morte de Marisa Letícia. No dia de ontem, 2 e fevereiro, o Hospital Sírio-Libanês comunicou a demissão da médica reumatologista Gabriela Munhoz, onde Marisa estava internada, por ter vazado radiografias da paciente em um grupo de  WhatsApp, formado por médicos que estudaram juntos em uma faculdade de Mato Grosso do Sul.

Segundo dados apurados pelo site http://www.brasil247.com/, Richam Ellakkis também já trabalhou no Hospital Municipal de Ermelino Matarazzo, na zona leste da capital paulista, foi residente num hospital de Rio Preto, o Austa Centro Médico, e passou pelo Hospital Nossa Senhora do Rocio, em Campo Largo, Paraná, Estado onde nasceu. Depois da repercussão sobre seu comentário em que desejava a morte de Marisa, o médico apagou seus perfis nas redes sociais.

Procurada pela Xapuri sobre o caso do Richam via telefone, a Unimed ofereceu um e-mail para esclarecimentos: ouvidoria@unimedsaoroque.com.br.

 Marisa estrela

O SENTIR  HUMANO DE UMA MÉDICA

” Quando estudei medicina, tive professores maravilhosos, humanistas, verdadeiros educadores. Quando me formei, fiz o o juramento de Hipócrates, em defesa da , do respeito às diferenças, da não-discriminação… por isso hoje me assusto com a inadmissível  postura de determinados “colegas”! Os que agrediram colegas cubanos, os que discriminaram nordestinos e, agora, os que despejaram seu ódio contra dona Marisa. Será que eles saberiam explicitar porquê tanto ódio? Por quê abandonaram os valores e os princípios que devem reger nossa profissão? Seriam capazes de matar? Eles não são médicos, são mercenários! Além de perder o emprego, deveriam ser processados pelo CRM/CFM e perderem o direito de exercer a profissão. As Faculdades de Medicina deveriam retomar a formação ética da profissão. não pode ser mercadoria! Médico não é Deus!” 

Arlete Avelar Sampaio – médica humanista, ex-vice-governadora do Distrito Federal.

Zez%C3%A9 c%C3%A2ncer

SÍRIO-LIBANÊS SOB SUSPEITA

Desde que deu entrada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, em 24 de janeiro, até o dia de sua morte, 2 de fevereiro, Dona Marisa Letícia Lula da Silva esteve submetida a uma rotina de quebra de ética médica que precisa, urgentemente, ser investigada – e não apenas pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP), mas pela polícia e pelo Ministério Público.

Até o dia do falecimento da esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o fato mais marcante – e repugnante – nesse sentido foi a exposição pública, via redes sociais, da tomografia computadorizada de Marisa Letícia. Veiculada por um desses canais do esgoto jornalístico, a tomografia foi a primeira prova de que há, dentro de Sírio Libanês, uma célula de ódio político ativa e com ramificações dentro da mídia.

Agora, sabemos que uma médica, a reumatologista Gabriela Munhoz, de 31 anos, foi demitida na surdina depois de constatado que ela vazou informações sobre o estado de saúde da ex-primeira-dama assim que a paciente entrou no Sírio Libanês. Gabriela mandou os dados para um grupo de whatsapp de antigos colegas de faculdade, no qual confirmava o diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC).

No mesmo grupo, um outro médico, Paulo de Souza Filho, divulgou as imagens da tomografia de Dona Marisa, ao mesmo tempo que desfiava detalhes do diagnóstico confirmados, prontamente, pela médica Gabriela Munhoz. Segundo informações veiculadas na imprensa, esses mesmos dados foram compartilhados também a partir de um outro grupo de whatsapp, por meio do cardiologista Ademar Poltronieri Filho.

Ou seja, formou-se uma rede de médicos, se é que podemos chamá-los assim, para disseminar informações sigilosas sobre a saúde de uma a quem deveriam assistir e cuidar. A ação, claro, visava debochar da paciente e excitar as bestas antipetistas que vetem jaleco, País afora.

Mas o pior, ainda estava por vir.

Ao receber as informações vazadas pelas redes sociais, um neurocirurgião chamado Richam Faissal Ellakkis, médico de uma unidade da Unimed, em São Roque (SP), e de hospitais da capital paulista, comentou o seguinte:

– Esses “fdp” vão embolizar ainda por cima. Tem que romper no procedimento. Daí, já abre pupila. E o capeta abraça ela.

Embolizar é um procedimento levado a cabo para provocar o fechamento de um vaso sanguíneo e, assim, diminuir o fluxo de sangue em determinado local do .

Esses acontecimentos dão conta de dois problemas gravíssimos.

O primeiro, a ser resolvido a longo prazo, diz respeito à formação humanística dos médicos e mé brasileiros. Basta dar uma olhada nas redes sociais dessa gente para se ter a dimensão do problema. Trata-se de uma horda que destila e dissemina ódio político e de classe. E, pior, não tem compromisso algum com a medicina nem com a . São monstrinhos competitivos enfiados em jalecos brancos.

O segundo, urgente: investigar todo os procedimentos médicos realizados no Sírio-Libanês, em relação a Dona Marisa, e destrinchar como funciona esse esquema de vazamentos para a mídia e grupos de haters na internet.

O que, aliás, não é coisa nova, naquele hospital. Prontuários sobre o estado de saúde de Lula e da ex-presidenta Dilma Rousseff, ambos ex-pacientes com câncer, foram também vazados para a mídia.

  de Leandro Fortes, publicado nas redes sociais.
Marisa e Lula

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

REVISTA