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Democracia e Comunicação

Democracia e Comunicação

Democracia e Comunicação 

Com o fim da Guerra Fria, com acesso ao grande público, a Internet em 1971 passou a ser usada por acadêmicos e professores universitários, que trocavam entre si pensamentos e mensagens

Por Trajano Jardim

A disseminação e a popularização da rede se deram no ano de 1990, tornando-se gradativamente no que conhecemos, e, hoje, esse mundo que até então era paralelo tornou-se indispensável para nossas vidas, pois estar conectado à rede mundial é uma fonte de conhecimento, interatividade, diversão e, acima de tudo, de comunicação.

Para além de conhecer a evolução da comunicação, como uma trajetória da humanidade, torna-se imperioso conhecer quem as controla e quais os fins a que ela se destina. A fundação do WikiLeaks por Julian Paul Assange veio mostrar a face cruel do uso das comunicações como elemento, não só de , mas, principalmente, como instrumento de dominação usado pelas grandes potências do sistema capitalista.

Durante quatorze anos do governo democrático e popular não tivemos a capacidade de organizar um sistema de comunicação que servisse de instrumento de elevação política das massas que obtiveram benefícios sociais e conseguiram sair da linha da pobreza, para que pudessem, a partir da conscientização, ter uma porta de saída a caminho da . Se tivesse sido construída essa alternativa, com apoio aos veículos populares, com o processo de democratização dos meios de comunicação, o caminho dos golpistas por certo teria sido dificultado.

Apesar disso, vale afirmar que, como integrante da atividade social, a mídia trabalha em sentido paralelo ao da ideologia da classe dominante, embora o faça com certo grau de autonomia funcionalista. Isso leva muitos autores a denominarem a mídia como “o quarto poder”. Por isso, neste momento histórico, parcelas importantes da sociedade travam uma luta em torno da necessidade de normas que definam o papel da mídia no contexto social como instrumento de informação e de formação.

Que ela possa mudar o viés de construção de “correntes hegemônicas e contra hegemônicas”, e de controle, que liga sua identidade às classes e aos valores dominantes, procurando desconstruir uma ação de mediação sociocultural voltada à legitimação do discurso das classes dominantes.

Assim, na retomada da leitura dos clássicos marxistas, vamos encontrar em Lênin quando escreveu “Por onde começar?”, artigo onde levantava a urgência de publicar um jornal nacional que chegasse a toda a Rússia e que organizasse coletivamente todos os grupos socialdemocratas dispersos. Fazendo-se uma analogia à nossa época, Lênin por certo diria: Precisamos construir todos os meios de comunicação para organizar as forças populares para derrotar a classe dominante.

Trajano JardimJornalista e Professor Universitário Capa: ComCiência

Publicado originalmente em 27 de agosto de 2017

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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