Diretorias do CNS (1985–2023)
Em seus 38 anos de existência, o CNS realizou seis Encontros Nacionais, entre 1985 e 2004, e cinco Congressos Nacionais, entre 2005 e 2019. O Congresso de 2023, que acontecerá em Brasília, entre os dias 13 e 17 de novembro, é o sexto desde que o CNS adotou a denominação Congresso Nacional, em 2005.
Por Fátima Cristina da Silva
O primeiro presidente do CNS foi Jaime da Silva Araújo, eleito por aclamação no I Encontro Nacional, em Brasília, junto com Raimundo Mendes de Barros, 1º Tesoureiro, e Osmarino Amâncio Rodrigues, 1º Secretário, para o período 1985–1988.
No II Encontro Nacional, foram eleitos para o período 1989–1992 Júlio Barbosa de Aquino, presidente, e Pedro Ramos de Souza, vice-presidente. No III Encontro, os escolhidos para o mandato 1992–1994 foram Atanagildo de Deus Matos (Gatão), para presidente, e Júlio Barbosa de Aquino, para vice-presidente.
Foi no IV Encontro, onde Gatão se reelegeu presidente e José Juarez Leitão foi eleito vice-presidente, para o período 1995-1998, que o CNS inovou na política de gênero, criando a 1ª Secretaria da Mulher Trabalhadora Extrativista. Raimunda Gomes da Silva, dona Raimunda dos Cocos, quebradeira de coco do Bico do Papagaio, tornou-se a primeira secretária.
Também foram eleitas para a Secretaria da Mulher Trabalhadora Extrativista e exerceram seus mandatos nas gestões subsequentes: Maria do Socorro Teixeira Lima, Célia Regina das Neves, Angela Maria Feitosa Mendes e Nice Machado.
Manoel da Silva Cunha e Júlio Barbosa de Aquino foram eleitos presidente e vice-presidente no I Congresso Nacional, para o período 2005–2009.
Manoel da Silva Cunha foi reeleito presidente e Joaquim Correa de Souza Belo foi eleito vice-presidente durante o II Congresso, para o mandato 2009–2012.
Foi no II Congresso, realizado em 2009, que, entre as alterações do Estatuto, mudou-se o nome de Conselho Nacional dos Seringueiros para Conselho Nacional das Populações Extrativistas, mantendo-se a sigla CNS e a logomarca.
O III Congresso Nacional elegeu Joaquim Belo para presidente e Edel Nazaré de Moraes Tenório para vice-presidenta para o período 2012–2015. A dupla foi reeleita para um segundo mandato, de 2015–2019, no IV Congresso Nacional.
O V Congresso trouxe de volta Júlio Barbosa de Aquino como presidente e elegeu Maria do Socorro Teixeira Lima como vice-presidenta, para o período 2019–2023.
Apenas duas mulheres tornaram-se vice-presidentas do CNS até o presente momento: Edel Nazaré de Moraes Tenório (2012– 2015/2015–2019) e Maria do Socorro Teixeira Lima (2019–2023).
Em 2011, o CNS realizou o I Chamado da Floresta, na Resex Terra Grande Pracaúba, no Pará. Em 2013, aconteceu um novo encontro, na Resex Gurupá Melgaço, e em 2015 o III Chamado da Floresta foi realizado na Resex Tapajós Arapiuns, com a participação de mais de três mil pessoas.
Fátima Cristina da Silva – Educadora, com especialização em Metodologia de Ensino e Gestão Descentralizada. Sócia-Educadora da Rede Mulher de Educação. Integrante do grupo da Terra. Assessora Técnica do CNS e Coordenadora dos Projetos nas Áreas de Comunicação, Educação em Saúde e Gênero. Foto de capa: Cristina da Silva.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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