É a Geopolítica, estúpido
“Como estão dizendo por aí: a ideologia passa, a geografia fica.”
Por Leandro Altheman Lopes
Dentre tantas coisas interessantes acontecendo, uma delas é a aproximação entre Biden e o antes ‘ditador’, e agora ‘presidente’ da Venezuela, Nicolás Maduro. A aproximação deixa de lado Guaidó, espécie de presidente de ficção mantido pelo departamento de estado.
Não se trata apenas de petróleo. A ação diplomática trata de preservar o espaço de hegemonia geopolítica dos EUA, a fim de evitar que amanhã ou depois a Venezuela se torne a sua própria Ucrânia, servindo de suporte para bases russas ou chinesas no futuro. Acordos de cooperação militar entre esses países já existem, embora a presença militar dos EUA na América do Sul seja muito superior: 26 bases.
Cuidar do espaço geopolítico seria o que deveríamos estar fazendo na América do Sul, o que significaria ter acordos de cooperação militar tanto com Venezuela, quanto com a Colômbia, Peru e Chile.
A simplificação de ‘esquerda e direita’ garante que isso nunca aconteça, fazendo-nos olhar na direção oposta a da realidade, que é determinada pela geopolítica e não pelo progressismo ou conservadorismo das pautas.
Os que ainda se pautam nisso para se posicionar em conflitos dessa natureza são como aqueles ‘trouxas’ de Harry Potter: não fazem a mínima ideia do enredo em que são figurantes
Como estão dizendo por aí: a ideologia passa, a geografia fica.
E já passou da hora de considerar a América do Sul como um espaço geopolítico próprio, autônomo, com seus próprios interesses e valores.
![É A GEOPOLÍTICA, ESTÚPIDO 1 conflito ucrania](https://i0.wp.com/xapuri.info/wp-content/uploads/2022/03/conflito-ucrania.webp?resize=800%2C535&ssl=1)
Leandro Altheman Lopes – Jornalista acreano. Capa: Gazeta do Povo.