E O SUSPIRO, O QUE É?

E O SUSPIRO, O QUE É?

E o Suspiro, o que é?

A semântica é ampla, mas a conotação está sempre associada a emoções, aos sentidos. Aqui, tratamos daquele doce que a gente guarda nas melhores de e que nos leva a cometer um dos sete pecados capitais, a gula. Com suspiro, impossível comer um só e impossível não suspirar, porque a sensação é sempre de êxtase, de satisfação mesmo

Por Lúcia Resende

Mas, afinal, de onde veio o suspiro? Alguns dizem que foi inventado por freiras italianas em 1881, mas há quem aposte que surgiu mesmo foi na Suíça ou no Oriente.

Há, ainda, quem diga que a da iguaria estaria em Lima, no Peru do século 19, e que teria influência islâmica. Consta, inclusive, registro do suspiro no Novo Dicionário Americano de Culinária, de 1868, sob o nome de Manjar Real del Peru.

A invenção teria sido de Amparo Ayarez, esposa do peruano José Galvez Barrenechea, tendo sido ele o responsável pelo nome, porque considerou a invenção suave e doce como o suspiro de uma .

Qualquer que seja a origem, o certo é que surgiu no século 19 e certamente teve como inspiração o glacê real, feito também de claras, açúcar refi nado e um tantinho de limão.

Aqui em casa, o suspiro sempre veio como jeito de aproveitar as claras que sobram na da deliciosa brevidade, quitanda antiga, ainda hoje frequente nas casas mineiras, especialidade da dona Odete Vilas Boas, cuja receita pode ser encontrada no nosso site. Das cinco claras que sobram, mamãe fazia o suspiro, para deleite da garotada. Dela, herdei o costume: tem brevidade, tem suspiro!

Ingredientes

5 claras

3 ½ xícaras de açúcar refinado

Suco de meio limão

Modo de fazer

Bata as claras em neve. Em seguida, acrescente o suco de limão, depois o açúcar, aos poucos, batendo sem parar. Bata até ficar consistente. Daí, com uma colher e a ajuda do dedo indicador, vá colocando os suspiros numa assadeira untada. Depois, leve ao forno brando por cerca de 20 minutos, para assar. Deixe esfriar, retire da assadeira e chame a turma. Vai faltar doce, mas suspiros hão de sobrar!

Lúcia Resende –  Professora
@mluciares

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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