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Quem tem medo do Lula Livre?

Quem tem medo do ?

Depois de ter montado a mais monstruosa farsa de um processo sem crise, de uma condenação sem provas e de uma prisão que confirma que se trata de uma perseguição contra o Lula, a se vê apossada de um novo pânico: e se o Lula recuperar a liberdade? O que vai acontecer? Como sua imagem sairá dessa circunstância? Sua imagem voltará, ainda mais forte, a presidir os destinos do pais, a começar pelo processo eleitoral?

Por Emir Sader

Desde a prisão do Lula, a situação do pais e das forças de direita só se deteriorou. A recessão, o desemprego, o desgaste do Temer, a busca infrutífera de alternativas para a direita, enquanto a se unifica em torno da liberdade do Lula Livre. O passa a imaginar como será a saída do Lula, como será seu reencontro com o povo, mais que nunca nos braços do povo, que o quer proteger definitivamente, para que nunca mais os abutres possam tolhe-lo da liberdade, das suas palavras e do seu verdadeiro lugar – os braços do povo.

Pânico, em primeiro lugar, pelos responsáveis e beneficiários diretos do modelo neoliberal que devasta o pais. Mesmo com Lula preso, o dólar dispara, eles não conseguem controlar a situação, passar uma imagem de que esse modelo tem futuro, que não será revertido e, com ele, o golpe.

Pânico do governo e dos partidos de direita, que assaltaram o poder e destroem o , tanto pelo que será de tudo que desfizeram, quanto pelo seu próprio futuro imediato, sem a proteção das benesses de cargos públicos e frente à perspectiva de uma duríssima derrota eleitoral.

Pânico dos meios monopolistas de comunicação, que foram agentes direitos do golpe e da perseguição ao Lula, diante da promessa deste de democratização dos meios de comunicação e de uma aceleração ainda maior da crise dessas empresas, sem credibilidade, em leitores, sem o apoio econômico indispensável do governo.

Pânico dos setores do Judiciário que montaram e ou foram coniventes passivos, junto com a Policia Federal, de uma perseguição política atroz, que tirou toda legitimidade das instancias que deveriam ter zelado pelo Estado de direito e pela democracia, diante da possibilidade de terem que pagar por seus crimes políticos e perderem seus privilégios.

Também têm medo do Lula Livre os pescadores de aguas turvas, que às vezes querem aparecer no campo da esquerda, outras diretamente buscam a confiança da direita, mas contam, para suas aventuras, com a não candidatura do Lula.

Quem não tem medo nenhum do Lula Livre é o povo, que luta pela sua liberdade, pela sua candidatura e que está pronto para fazer campanha com ele e apoia-lo de novo na presidência do Lula. Não tem medo todos os que pregam a retomada do desenvolvimento econômico com distribuição de . Todos os que lutam pela democratização dos meios de comunicação. Todos os que sabem que um referendo revogatório é indispensável para que o Brasil volte a ter um governo que dirija o pais conforme os interesses a grande maioria. Todos os que sentem falta do retorno de uma política externa soberana.

O Lula Livre apavora a direita e alimenta os sonhos da esquerda, do povo e dos que lutam por um pais mais justo, democrático e soberano.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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