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Esquerda, olhando pra frente…

Esquerda, olhando pra frente, rumo a um novo jeito de caminhar –

A principal tarefa não é disputar as eleições, isso faremos no automático com Lula candidato ou cabo eleitoral. Importante é a disputa de poder no médio e longo prazo, pois só assim restabeleceremos o equilíbrio social e político. O próximo período será de reorganizar a esquerda nacional, definir e redefinir um campo político que construa nova maioria e a hegemonize, acumule ações táticas e decisões estratégicas, dirija a retomada da esquerda ao Governo e dispute o poder real.

Por Fernando Neto 

A esquerda precisa se realinhar na disputa de classes, compreender o crescimento dos postos de trabalho do setor de serviços e a redução da classe operária clássica, o avanço das micro e pequenas empresas como alternativa real de força de trabalho, o retorno do trabalho informal, dos novos modelos de economia cooperativa, o avanço das tecnologias de serviço, do desemprego em grande escala e o impacto real da reforma trabalhista para o movimento sindical organizado e em nossa sociedade nos próximos períodos, sem contar o efeito que poderemos sofrer com a reforma previdenciária, o desmonte do Estado e a venda de ativos e riquezas naturais patrocinados pelo atual governo, congresso e o judiciário em conluio.

Para isso é necessário um núcleo dirigente capaz de pautar as lutas e disputas reais, que mobilize a sociedade, supere as divergências tendenciais e de campos políticos, dialogue cotidianamente com a militância de esquerda, os movimentos sociais, com a classe artística, cultural e intelectual do país, com as igrejas católica e protestante, expressões religiosas de matrizes africanas, espiritualistas, kardecista e etc., se relacione com as bases e com o povo, com as diversas camadas da sociedade, em diálogo constante com as forças políticas e, que definitivamente produza uma nova leitura do país.

Atualizar nossa agenda de lutas, programa e projeto redefinindo bandeiras, tática e estratégia na disputa de classes e no enfretamento com o setor rentista financeiro, a grande mídia e as alas mais conservadoras do Congresso que não hesitam e não hesitarão em produzir condições de ruptura institucional para retomada do controle do Estado e da exploração das riquezas naturais do país a qualquer tempo.

É preciso coesão, unidade e relação de confiança entre os dirigentes e militantes dessa esquerda, respeitar a história de luta dos que a constroem desde a luta contra a ditadura militar, redemocratização e a juventude desta geração, carregada de novas percepções e sensibilidade de luta para compreender essa sociedade do século XXI, pré e pós Governos Populares e Democráticos.

É indispensável respeitar e conhecer a história política do país e da esquerda, para produzirmos uma leitura real de cenário, com resposta e ação eficazes contra o avanço conservador, sectário e radicalizado da direita no país e na sociedade. Em outros momentos da história mundial a falta de estratégia e de direção do campo de esquerda, a falta de unidade em um programa que unificasse a luta dos trabalhadores “se repetiu como tragédia e como farsa”.

Que fique claro: não é sugerido nenhuma refundação do Partido dos Trabalhadores, sua extinção ou alcova. Que existem novas frentes de luta se formando, organismos sociais e de classes, novos contextos em curso é fato não se pode negá-los, mas, não é possível negar outra realidade, o petismo e o PT são maiores do que sua burocracia interna, CNPJ, seus dirigentes, correntes e suas disputas.

A forma como foi organizada sua fundação é o resultado de anos de luta, todo esse acúmulo contra as injustiças sociais e pelos direitos da classe trabalhadora e pela liberdade do povo, articulado intrinsicamente com os movimentos sociais, sindicais, organismos internacionais, agrupamentos clandestinos e de resistência a ditadura, em conjunto com parte da intelectualidade, artistas, campesinos e cidadãos de diversas camadas da sociedade e classe social, projetados por todo o território brasileiro, culminou em seu ato de fundação, em 10 de fevereiro de 1980, no simbólico Colégio Sion.

A vida e o crescimento deste partido irradiou e enraizou uma ideia no consciente coletivo e popular aonde tudo o que é vermelho, de esquerda, de rebeldia, de luta, povo ou massa que envolvem este país se faz referência ao PT, mesmo sendo outra organização à frente, isso precisa ser compreendido de forma mais clara, sincera e profunda. Só existirá outro partido de esquerda com capacidade de luta real, se o PT criar, se o PT quiser ou se o PT efetivamente rachar e não com simples cisões pontuais, por pautas de interesses coletivo ou individual.

O que precisamos perceber de movimento real é o que hoje não se organiza em nomenclaturas, não se limita a organizações partidárias ou instituições sociais, existe um movimento social e eleitoral silencioso, descrente da esquerda nacional, que espera um resgate da luta real e que represente a agenda progressista, nacionalista e desenvolvimentista de um novo Brasil, com atualização das bandeiras de lutas e de um projeto de país consistente ou algo novo que se forme a partir de uma hecatombe.

Não atoa os votos brancos, nulos e abstenções são crescentes e de certa forma nos atingem, não eleitoralmente contra a direita durante o sufrágio, mas, durante o decorrer da história, no cotidiano, nas criticas constantes e contundentes. Somos perseguidos pelos nossos acertos, porém, chegamos onde estamos por conta de nossos erros, táticos e estratégicos, pela nossa falta de comando, de programa e de leitura de país, erros constantes de comunicação e nenhuma inteligência organizacional.

Não atualizamos o programa ao povo brasileiro, não atualizamos as bandeiras de “um país para todos” ou produzimos tecnologia social, econômica que coubesse esta nova sociedade inclusa tecnologicamente, com acesso cada vez maior as universidades e ao ensino superior, comunicação digital e todos outros acertos que construímos em anos de gestões petistas.

Por certo, é preciso repactuar a esquerda, construir unidade de programa entre expoentes, partidos e movimentos sociais organizados, redefinir seus campos e uma nova hegemonia política que nos lidere em tempos de guerra, crise e golpe, permitindo avançar na sociedade para além de nós mesmos, sinais de que é possível conquistar novos corações e mentes tem se provado ser possível no decorrer deste período de combate ao golpe e de defesa da democracia e do Direito de Lula ser Candidato.

Como o avanço das reformas e da destruição de nosso patrimônio nacional será ainda mais real, precisamos estar preparados para um período longo de lutas e de acumulo de força social.

Lula com mulheres negrasi

ANOTE AÍ:

 

 Fernnando neto pb
FERNANDO NETO –  Militante do PT-DF e ex-secretário de Estado do Governo do Distrito Federal na pasta da Juventude

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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