Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Ex-presa cria instituto especializado em ajudar outros ex-detentos a entrar no mercado de trabalho

Ex-presa cria instituto especializado em ajudar outros ex-detentos a entrar no mercado de trabalho

Para Karine Vieira, assistente social e ex-detenta do sistema prisional de São Paulo, o que muda a trajetória de uma pessoa são as oportunidades que para ela são oferecidas ao longo da vida – e, no caso das mais de 820 mil pessoas presas no , tais oportunidades são quase inexistentes, o que faz aumentar cada vez mais os casos de presos reincidentes no país.

Por Débora Spitcovsky

Atualmente, pelo menos 42% das pessoas que ocupam as prisões brasileiras já foram presas mais de uma vez. Atuar para oferecer oportunidades de sair da vida do crime a quem já esteve preso e, assim, ajudar a reduzir esse índice de reincidência é a missão do Instituto Responsa, que busca ajudar ex-presidiários a entrar no mercado de trabalho.

A iniciativa foi criada por Karine em 2018, tendo sua própria trajetória pessoal como inspiração. Por 15 anos, ela viveu de forma ilícita, envolvida com tráfico. Mesmo depois de presa, não vislumbrava outras formas de viver – exatamente porque as únicas oportunidades oferecidas para ela para sustentar os filhos só vinham de traficantes.

Um bico numa papelaria – oferecido por quem até hoje não sabe que ela já havia sido presa – foi o que a ajudou a recomeçar: garantiu renda para que ela tivesse mais tranquilidade para cursar um supletivo para finalizar o Ensino Médio e, na sequência, cursar Serviço Social.

Oferecer essa primeira oportunidade de trabalho pós-prisão é o grande objetivo do Instituto Responsa, que para fazer esse trabalho mantém, atualmente, parceria com 14 empresas. Primeiro, a organização oferece apoio psicossocial e jurídico a quem sai da prisão, depois garante capacitação técnica e comportamental e, por fim, encaminha a uma oportunidade profissional, fazendo acompanhamento de, pelo menos, um ano para ajudar ex-detento e empresa em qualquer desafio que tiverem pelo caminho.

Em 4 anos de atuação, o Instituto Responsa já beneficiou mais de 1,8 mil ex-detentos. Desses, 56% já foram encaminhados para o mercado de trabalho formal. Agora o trabalho de Karine está focado, sobretudo, em combater os preconceitos que existem a respeito de pessoas que já foram presas e ampliar o número de empresas parceiras para poder ajudar cada vez mais ex-detentos a recomeçar suas vidas. Às vezes, a única coisa que falta é uma oportunidade…

Autor: Débora Spitcovsky. Disponível em: The Green Post.


[smartslider3 slider=43]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA