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Flores para Louise

para Louise

A Poetisa do Cuidar, registra, de forma muito poética e sensível, em seu lirismo de denúncia contra a às a dor de mais uma vida ceifada pela misoginia. Mais um feminicídio, que não pode ser esquecido e nem somente ser estatística…

Por Onã

Mulher flor
Floresça o seu ser
Seja Flor

Forte como a flor de cacto que resiste as durezas
Seja sempre a pétala do bem-me-quer ante as incertezas
Na guerra que a sua arma seja a flor rara da tolerância.

Não desanima, Mulher Flor.
Seja como a Vitória-régia aberta para encantar
Como a flor de lótus que é sábia a ensinar

E como o girassol reluzente a brilhar.

Seja como a hortênsia para minimizar a dor das mulheres que sofreram violência
Solidarize-se, espalhando flores vermelhas e encarnadas em das

Mulheres assediadas,
Mulheres desempregadas,
Mulheres violentadas
e mulheres assassinadas.

Flores Sempre-Vivas contra a impunidade e espalhando justiça pela cidade.

Mulher Flor, levante-se pelas Louises e Marias mil
Para espalhar lírios brancos em prol da da paz
Vai, jardineira da vida… pregar a paz… falando de dores e flores,
Anda e mostra a sua natureza de mulher flor que vem do seu interior,

Das suas e da sua diversidade floral.

Floresça nesta vida
Onde for
Planta flor
E
Colha amor

E eu, ofereço flores poéticas para a menina flor: Louise!

* Louise Ribeiro foi brutalmente assassinada no dia 10 de março de 2016

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Onã Silva é enfermeira cordelista, A Poetisa do Cuidar é Graduada em Enfermagem e Artes Cênicas, Pós-Graduada em Pública, Mestre em , Doutora e Pós-Doutora. Filiada a diversas academias literárias.  Idealizou a Academia Internacional de Poetas e Escritores de Enfermagem (Academia IPÊ).  Recebeu em 2019, o Título de Cidadã Honorária de Brasília, pela Câmara Legislativa do Distrito Federal. Autora premiada em concursos de poesias, monografias e trabalhos científicos. Também é membro da ALANEG/RIDE representando a Cidade de Posse .

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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