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Fogo no Pantanal: animais queimados e ar irrespirável

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O Pantanal está queimando. E muito. Confira nas imagens enviadas para a Ecoa de comunidades e grupos diretamente impactados.

Os incêndios continuam. Fogo que agora se espalha para próximo da comunidade de Porto , localizada a 70 km do município de Corumbá/MS, que durante o amanhecer de segunda-feira, 28/10, avistou na local macacos fugindo. Fogo que também consome os pés de acuri (Attalea phalerata), onde os/as moradores/as realizam a colea do fruto. E o ar… irrespirável. Confira o registro de moradora da comunidade de Porto Esperança, Natalina Mendes enviado para a Ecoa.

Em Miranda/MS, o presidente da Associação de Pescadores Artesanais de Iscas de Miranda (APAIM), Liezé Francisco Xavier, conta que, na região, o fogo chegou, aproximadamente, a 50 metros das casas e os próprios moradores precisaram conter, antes que os atingisse. Ele diz que só conseguiram porque, recentemente, fizeram um curso de combate à incêndios realizado pela Marinha. As crianças e os recém-nascidos foram levados de carro para lugares mais distantes da fumaça e as famílias chegaram a ficar até 3 horas dentro dos veículos. Liezé também conta que o fogo destruiu seus apiários, fonte de para as famílias.

Perguntamos sobre os novos incêndios no Pantanal: “A gente não sabe dizer quem, mas sabemos que é um incêndio provocado. São vários focos ao mesmo , concentrados numa só área”, afirma Fabio Catarineli, coordenador da Defesa Civil de MS. Seria um “Dia do Fogo” articulado como na ?

A Ecoa continua a acompanhar a situação das no Pantanal diretamente. #QueimadaMata é uma campanha permanente.

Fonte: ECOA

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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