Fruta típica do cerrado, o murici vira fonte de renda no Tocantins

Fruta típica do vira fonte de no Tocantins – 

Assentamentos fazem a extração do murici para vender o suco em feiras municipais

Os agricultores familiares se utilizam da extração de uma famosa fruta do Cerrado para a obtenção de renda extra no Tocantins. O nome dela é murici e mede cerca de 0,9 cm. O sabor é bem característico, com um gosto forte e adocicado. Pode ser consumida in natura, em doces, sucos, sorvetes, geleias, entre outras possibilidades, e tem sido uma ótima alternativa de sustento pra alguns assentamentos na região.

Durante dois meses, o fruto é capaz de produzir aproximadamente 1500 litros. Toda essa colheita e extração do suco tem como destino às feiras da cidade, fato este que faz com que os agricultores familiares obtenham uma renda adicional para o sustento da família. Em alguns casos, é só com esse dinheiro que o pagamento da parcela do financiamento da é quitado. Além disso, nesta região é possível se especializar em diversos preparos e oportunidades de renda com o murici por meio de um curso de gastronomia.

O programa Bom Dia Tocantins, da TV Anhanguera, descobriu um assentamento com uma área de aproximadamente 2.500 metros quadrados, com 80 pés de murici. A terra é de propriedade do agricultor Natividade da Conceição, que mora na região de Gurupi. O para plantar foi o mínimo possível. “A experiência foi boa. Ele não precisa de adubo, não precisa molhar, não precisa fazer nada. É tudo natural”, disse o agricultor à reportagem.

Já são três anos de colheita farta. Os galhos são carregados, mas o agricultor só pega aqueles próprios para a venda nas feiras da cidade. Os produtores estão na fase da colheita – que vai de novembro a fevereiro. Normalmente, há outras fontes de renda além da extração do murici, como a produção de mandioca, milho, cana-de- açúcar, banana, sem contar na criação de , como porcos e galinhas.

Esse tipo de produção acontece desde 2016. Na época, o Ruraltins (Instituto de Desenvolvimento Rural do do Tocantins), que é responsável pela assistência técnica e extensão rural do Estado, já havia anunciado que pretendia apoiar o produtor no beneficiamento do murici, como forma de agregar mais valor ao produto e ampliar o mercado consumidor.

A ideia era que o agricultor pudesse levar o fruto para ser processado em uma agroindústria de Brejinho de Nazaré, para que possa comercializar a polpa, já certificada pelo Ministério da e Pecuária (Mapa), em outros mercados e programas governamentais, como no Programa de Aquisição de (PAA) e Programa Nacional de Escolar (Pnae). Uma das principais atividades do Ruraltins, segundo o próprio órgão, é desenvolver junto aos agricultores cursos de capacitações e manejo, visando o extrativismo sustentável do murici, aliado à preservação ambiental.


murici 2 foto direto do greeme.com .br

Foto: greenme.com.br

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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