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HORTAS URBANAS CONTRIBUEM PARA A SAÚDE AMBIENTAL DE SP

HORTAS URBANAS CONTRIBUEM PARA A SAÚDE AMBIENTAL DE SP

Multifacetadas, hortas urbanas contribuem para a ambiental de  

((o))eco visitou três hortas paulistanas para entender como o plantio de alimentos pode fortalecer o ativismo verde, transformar áreas degradadas e contribuir para a saúde das pessoas e do .

Por Débora Pinto/O Eco

“Cidade não é lugar de horta!”. Quando a primeira horta comunitária em praça pública da cidade de São Paulo iniciou os seus trabalhos, no ano de 2012, deixou muita gente insatisfeita. Não o suficiente para fazer com que um grupo de cidadãos abandonassem a ideia de ocupar o espaço público plantando .

Mas o protesto deixava claro que, para muitos de seus habitantes, o cultivo não combinava com o asfalto, os prédios altos e espelhados, as avenidas e pontes com trânsito caótico que tanto fazem parte da vida dos que convivem com os espaços centrais da megalópole – e que parecem definir a sua identidade.

Vale lembrar, porém, que assim como os rios canalizados que hoje correm invisíveis sob os pés, o plantio do que se come está intimamente ligado à constituição da cidade. Antes da delimitação atual de seu território e do vertiginoso processo de urbanização ocorrido no início do século vinte, o que hoje é urbano já foi caracterizado por habitações simples, chácaras e fincas, onde plantar no quintal para abastecer a família fazia parte do cotidiano. 

E a cidade ainda é rural, mesmo que em parte. Aproximadamente um terço da extensão de São Paulo recebe a classificação oficial de zona rural. Os indígenas da TI Tenondé Porã, por exemplo, seguem com o seu modo de cultivo milenar em Parelheiros, extremo sul da capital paulista, região onde os imigrantes japoneses desenvolveram de forma intensa a sua atividade agrícola familiar e, junto com outros habitantes, transformaram a zona em referência na produção de alimento.

E esse é um pedaço muito pequeno da das milhares de pessoas que acordam diariamente, em todas as regiões, para cuidar do cultivo alimentar na urbe.

Há aqueles que, como ocorreu no movimento da Horta das Corujas, na Praça das Corujas, no bairro da Vila Madalena, plantam não apenas para alimentar o , mas também para nutrir o ativismo em prol de uma metrópole mais verde e ambientalmente saudável.

“O movimento criado pelos hortelões urbanos, que começou como um grupo de Facebook, ganhou repercussão em toda a cidade e a Horta das Corujas tem sua importância por ser uma materialização desse movimento. Só que existem múltiplas facetas no que se refere às hortas urbanas, assim como são múltiplas as suas funções e territorrialidades”, explica Gustavo Nagib, que realizou tese de mestrado acerca do tema, em entrevista ao ((o))eco.

Ao sabor dos serviços ecossistêmicos

Juliana Luiz, gerente de Projetos do Instituto Escolhas, lembra que o desenvolvimento plural de projetos onde o cultivo de alimentos é praticado – seja como fonte de renda, na forma de substrato para a ambiental, como atividade terapêutica e agregadora ou no central combate à insegurança alimentar –, tem conexão direta com a adaptação e mitigação às mudanças climáticas.

“Há uma enorme sinergia entre produção de alimentos e serviços ecossistêmicos. A gente pode chamar aqui os serviços ecossistêmicos como contribuições da para as pessoas. É o caso do ar, da água, da provisão de alimentos. Todos esses são exemplos de serviços ecossistêmicos. Sistemas alimentares mais ambientalmente sustentáveis têm o potencial de construir caminhos e soluções, por exemplo, para uma melhor infiltração da água no solo, o que evita o risco de enchentes.

Assim como podem promover uma melhor gestão dos urbanos, a regeneração de áreas degradadas dentro das cidades, a conservação e ampliação de áreas verdes urbanas, sem perder o norte primordial do combate à fome”, exemplifica.

No centro os nas periferias – cada vez mais protagonistas na apropriação do cultivo de alimento e no ativismo ambiental – as hortas urbanas paulistanas resistem de forma tão multifacetada como a própria cidade, mas com o denominador comum de serem peças capazes de contribuir para a solução de problemas ambientais sistêmicos, como apontam os especialistas escutados por ((o))eco.

Hortas Urbanas 002

Lugar de horta

A jornalista Débora Pinto visitou três hortas urbanas e escutou suas líderes para compreender, ainda que em um recorte territorial pequeno e limitado à Zona Oeste da cidade, como as hortas urbanas promovem reflexões em espaços públicos, estabelecem relações entre instituições e a comunidade e transformam vidas nas franjas da cidade.

Confira o vídeo e conheça a Nossa Horta Parque Continental e sua líder, a agricultora e gestora Maria Dilva Duarte, a horta da Faculdade de Medicina da USP, comandada pela Professora Associada do Departamento de Patologia da de São Paulo e Coordenadora do Grupo de Estudos em Agricultura Urbana do Instituto de Estudos Avançados da USP, Thaís Mauad, e a Horta das Corujas, co-fundada e liderada pela jornalista, ambientalista e agricultora Cláudia Visoni. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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