Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Investigado, Ricardo Salles assume relatoria da CPI do MST

Investigado por crimes ambientais e corrupção, Ricardo Salles assume relatoria da CPI do MST

Em uma votação secreta, a CPI que vai apurar ações e ocupações do MST elegeu o ex-ministro de Bolsonaro, Ricardo Salles, como autor do relatório final

Por Mídia Ninja

A Câmara dos Deputados instalou três Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) nessa quarta-feira (17). Na prática todas podem ser iniciadas. No entanto, um ponto de destaque são as investigações criminais em andamento contra Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro do Meio Ambiente do governo Jair Bolsonaro (PL), que assumiu a relatoria da CPI voltada para apurar as ocupações do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), em votação secreta.

Durante a reunião, o deputado Coronel Zucco (Republicanos-RS) foi eleito presidente do colegiado, e sua escolha para indicar Salles como relator levanta questionamentos sobre a imparcialidade do relatório final.

A deputada Sâmia Bonfim (Psol-SP) apresentou questão de ordem para que Salles não pudesse ser escolhido. Ela denunciou que o ex-ministro tem interesses diretamente relacionados ao que irá ser apurado, pois é investigado pelos crimes de corrupção, prevaricação, advocacia administrativa e organização criminosa suspeita de ser envolvimento num grave esquema entre agentes públicos brasileiros e particulares no Brasil e nos Estados Unidos com intuito de legalizar madeiras brasileiras de origem ilegal. O caso foi publicado pela NINJA.

“Mais do que isso, o deputado Ricardo Salles tem interesse econômico relacionado a essa pauta”, disse ela, referindo-se aos principais doadores de campanha do ex-ministro.

Manipulação de resultados e Americanas
Pouco depois da instalação da CPI do MST, foi a vez da abertura dos trabalhos da comissão que apura a manipulação de resultados em partidas de futebol. Foi eleito o deputado Julio Arcoverde (PP-PI) para a presidência. Felipe Carreras (PSB-PE) será o relator.

Ainda pela tarde, os deputados instalaram a CPI que vai investigar as inconsistências no balanço das Americanas. No primeiro encontro, elegeram Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE) para a presidência. O relator será Carlos Chiodini (MDB-SC).

Cada CPI terá prazo de 120 dias, prorrogável por até metade, para conclusão dos trabalhos e apresentação do relatório final.

CPI dos Atos Golpistas
As lideranças partidárias desaceleraram, nos últimos dias, o ritmo e a pressão para a CPI dos Atos Golpistas, conforme a apuração da Folha de S. Paulo.

Segundo o deputado Arthur Maia (União-BA), indicado pelos líderes para ocupar a presidência da comissão, o colegiado deve ser instalado na próxima terça-feira (23).

Fonte: Mídia Ninja Capa: Reprodução/Metrópoles


[smartslider3 slider=43]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA