Procuradora da #VazaJato: “Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto, pedir desculpas ao ex-presidente Lula.”

Procuradora da #VazaJato: “Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto, pedir desculpas ao ex-.”

Da Redação RBA

Integrante da Força-Tarefa da Operação Lava Jato, a procuradora da República Jerusa B. Viecili publicou na noite desta terça-feira (27) em seu perfil no Twitter um pedido de desculpas ao ex-presidente . A matéria mais recente da série de reportagens Vaza Jato revelou conversas em grupos de Telegram que mostram que os procuradores da operação ironizaram a da ex-primeira-dama Marisa Letícia e se opuseram à saída temporária de Lula da prisão quando da morte de seu irmão, Vavá, no início de 2019.

Quando um dos procuradores postou em um grupo a notícia da morte de Marisa Letícia, de 3 de fevereiro de 2017, Jerusa respondeu: “Querem que eu fique pro enterro?”, seguido de um emoji.

Quando da morte de Vavá, em 29 de janeiro, os procuradores debateram a possibilidade de Lula sair temporariamente da prisão e chegaram a um consenso de que ele não deveria ser liberado. Um deles, o procurador Januario Paludo, chega a dizer, referindo-se a Lula, “o safado só queria passear”. Na ocasião, Jerusa disse: “Vamos apanhar muito por causa disso”.

No entanto, em 1º de março, quando da morte de Arthur, neto de Lula, Jerusa postou a notícia em um dos grupos e disse: “Preparem para nova novela ida ao velório”.

Nesta terça, Jerusa admitiu que estava errada e pediu desculpas. “Errei. E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa diretamente afetada, o ex-presidente Lula”.

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Errei.

E minha consciência me leva a fazer o correto: pedir desculpas à pessoa diretamente afetada, o ex-presidente Lula.

Jerusa B. Viecili@jerusabv
 
Cerca de uma hora depois da postagem original, Jerusa tratou de emenda a primeira postagem dizendo que reconhecer uma mensagem não autenticava as demais: “Lembrar de uma mensagem não autentica todo o conjunto. A existência de mensagens verdadeiras não afasta o fato de que as mensagens são fruto de crime e têm sido descontextualizadas ou deturpadas para fazer falsas acusações.

Na tarde desta terça, o ex-presidente Lula divulgou mensagem em que manifesta “extrema indignação” com o teor dos diálogos entre procuradores da Lava Jato. “Há muito venho dizendo que fui condenado por causa do governo que fiz e não por ter cometido um crime sequer. Tenho claro que Moro, Deltan e os procuradores agiram com objetivo político, pois me condenaram sem culpa e sem prova, sabendo que eu era inocente. Mas não imaginava que o ódio que nutriam contra mim chegasse a esse ponto“, diz a mensagem do ex-presidente.

Fonte: Reprodução
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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