JORNADA DE DEBATES: TRABALHO DIGNO, MEIO AMBIENTE E TRANSIÇÃO JUSTA RUMO À COP 30

JORNADA DE DEBATES: TRABALHO DIGNO, MEIO AMBIENTE E TRANSIÇÃO JUSTA RUMO À COP 30

JORNADA DE DEBATES: TRABALHO DIGNO, MEIO AMBIENTE E TRANSIÇÃO JUSTA RUMO À COP 30

Começou na quarta-feira (9) a Jornada Nacional de Debates, promovida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e demais centrais sindicais, com apoio do Labora – Fundo de Apoio ao Trabalho Digno. Com o tema “Trabalho, Meio Ambiente e Transição Justa – rumo à COP 30”, o ciclo de encontros ocorre nas capitais dos 17 estados onde o Dieese mantém escritórios regionais.

A Jornada faz parte da preparação da classe trabalhadora para o 1º de Maio e para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro de 2025, em Belém (PA).

A pauta ambiental e a transição justa têm se consolidado como eixos centrais para o futuro do trabalho no Brasil. Com o país avançando rumo a uma economia de baixo carbono, cresce a responsabilidade das centrais sindicais em articular propostas concretas que garantam desenvolvimento sustentável com justiça social e trabalho decente.

Os debates incluem temas como geração de empregos verdes; requalificação profissional; políticas públicas para um desenvolvimento sustentável; e impactos das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis.

A meta é construir propostas sólidas para serem apresentadas nas mesas de negociação e fóruns nacionais e internacionais ligados à COP 30.

Trabalho digno e sustentabilidade: agendas complementares

Segundo o Dieese, a transição para modelos produtivos sustentáveis tem potencial para criar milhões de empregos no Brasil. Setores como energia solar e eólica, por exemplo, demonstram crescimento acelerado – somente a energia solar gerou 264 mil empregos em 2023, consolidando o país como um dos mercados mais promissores da América Latina.

A atuação propositiva das centrais, especialmente da CUT, tem sido essencial para garantir que a transição ecológica seja também uma alavanca de desenvolvimento social, com trabalho decente e direitos garantidos.

“A gente precisa estar inserido neste debate. A pauta dos trabalhadores precisa ser ouvida, pois eles são parte fundamental deste cenário. Nós temos um novo mundo do trabalho, mudanças intensas estão acontecendo e precisamos acompanhá-las, pois isso definirá nosso futuro”, afirmou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT, durante a mesa de abertura do evento realizado em São Paulo.

Ela também reforçou a importância do 1º de Maio como data de mobilização e reflexão. “É hora da classe trabalhadora se juntar, fazer um resgate histórico (…). A luta sempre foi por qualidade de vida, por justiça social – essa é a luta central da classe trabalhadora”.

Para o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Walcir Previtale, os trabalhadores e as trabalhadoras do ramo financeiro precisam estar inseridos de forma profunda no debate sobre a COP 30: “Um dos pontos centrais é o papel do sistema financeiro no financiamento de projetos que envolvem desmatamento ilegal ou trabalho análogo à escravidão, especialmente na Amazônia. Tanto bancos privados quanto públicos têm financiado empreendimentos de grandes grupos econômicos que acumulam denúncias e processos relacionados a essas práticas”.

A secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Elaine Cutis, acredita que “a transição justa só será verdadeira se unir justiça ambiental e justiça social. Isso passa por investimento em energias renováveis, requalificação profissional dos trabalhadores e respeito às comunidades tradicionais e periféricas. O movimento sindical está mobilizado para garantir que a COP 30 escute as vozes das ruas e dos territórios. Não haverá justiça climática sem justiça social – e essa é uma luta que precisa estar no centro das decisões globais.”

Jornada Nacional de Lutas

A Jornada de Debates faz parte da Jornada Nacional de Lutas (9 de abril a 31 de maio), com foco na redução da jornada de trabalho com manutenção dos salários; justiça tributária, com isenção de imposto de renda para PLR e para quem ganha até R$ 5 mil e descontos escalonados para rendas até R$ 7 mil.

Rumo à COP 30: com protagonismo da classe trabalhadora

A COP 30 será um marco nas discussões globais sobre o clima, reunindo cerca de 40 mil participantes, incluindo líderes mundiais, cientistas, ONGs e representantes da sociedade civil. Desses, aproximadamente 7 mil compõem a chamada “família COP”, formada por equipes da ONU e delegações oficiais.

A escolha de Belém (PA) como sede é estratégica. Como afirmou o presidente Lula, trata-se de uma oportunidade de discutir a Amazônia dentro da própria Amazônia, com os povos indígenas, ribeirinhos e demais comunidades tradicionais presentes e ouvidos.

Entre os principais temas da conferência estarão:

  • Redução de emissões de gases de efeito estufa;
  • Adaptação às mudanças climáticas;
  • Financiamento climático para países em desenvolvimento;
  • Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono;
  • Preservação de florestas e biodiversidade;
  • Justiça climática e impactos sociais da crise ambiental.

A CUT e as demais centrais sindicais têm papel estratégico para garantir que o trabalho digno e a inclusão social estejam no centro desse debate.

Fonte: Contraf-CUT, com edições de Zezé Weiss, por limitação de espaço.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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