Jovita Feitosa, soldada da Guerra do Paraguai
A história da mulher brasileira que disfarçou-se de homem para ir à Guerra do Paraguai – A cearense burlou as regras militares do século XIX para se alistar nos Voluntários da Pátria.
Por: Imagens & História 2.0
Antônia Alves Feitosa (Jovita Feitosa) nasceu em 08 de março de 1848, em Tauá (CE), mas foi no Piauí que a jovem gravou seu nome na história. Mulata, de feições índias e estatura mediana, se mudou para Jaicós, região sul do Piauí, após a morte da mãe vitimada pela cólera.
Aos 17 anos de idade, tomou uma decisão corajosa: cortou os cabelos, disfarçou os seios com bandagens, colocou um chapéu de vaqueiro e roupas masculinas para se alistar como voluntária do exército brasileiro na Guerra do Paraguai.
Escondida da família e vestida como um homem, chegou a Teresina e foi aceita como primeiro sargento no Corpo dos Voluntários. O presidente da província do Piauí, Franklin Dória se comoveu com o pedido da jovem para alistar-se junto aos 1.302 piauienses que foram enviados para lutar na Guerra.
Mas não conseguiu disfarçar suas feições femininas por muito tempo. Mesmo assim, de saiote e blusa militar, seguiu viagem passando por vários estados até desembarcar no Rio de Janeiro, em 09 de setembro de 1865. O gesto de Jovita teve grande repercussão nacional e foi alvo de manifestações populares. Foi ovacionada como heroína por onde passou.
Em São Luís e Recife foi recebida por autoridades locais, recebeu homenagem com espetáculos de teatro e jantou com presidentes das Províncias.
Ela foi ainda informada de que chegaria do Rio de Janeiro um jornalista interessado em escrever sobre ela. Afinal, logo se percebeu que a jovem de 17 anos era poderoso instrumento de propaganda de guerra, apresentada como exemplo de coragem enquanto homens fugiam.
Foi recebida com honras em São Luís e Recife. No Rio de Janeiro, os “Voluntários” foram homenageados no Theatro São Pedro e Jovita recebeu aplausos entusiasmados. Porém, em 16 de setembro de 1865, foi informada pelo Ministério da Guerra de que não poderia integrar o corpo de combatentes, mas apenas “serviços compatíveis com a natureza do seu sexo”.
Jovita e seus apoiadores tentaram de todas as maneiras revogar a ordem. Em 18 de setembro de 1865, ela foi recebida pelo próprio imperador D. Pedro II. Mesmo assim, não houve jeito. Pouco a pouco, os jornais deixaram de se interessar por ela.
Seus apoiadores organizaram um espetáculo beneficente para custear seu retorno ao Piauí. Meses depois, ao chegar a Jaicós, recebida friamente por sua família. Desgostosa, sem conseguir se encaixar novamente no mundo de onde viera, ela voltou ao Rio de Janeiro.
Sozinha e sem trabalho, “arremessou-se no caminho da perdição e da amargura” e se tornou, no dizer de um jornal da época, uma das elegantes do mundo equívoco.
Jovita suicidou-se aos 19 anos de idade.