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Lideranças indígenas comemoram novo Ministério

Lideranças comemoram confirmação do Ministério dos Povos Originários

Portaria que cria grupo para discutir pautas dos povos originários foi assinada por Alckmin, nomeado no Diário Oficial da União (DOU)…

Por Mauro Utida/via Mídia Ninja

Entre os 31 grupos temáticos que vão atuar nos próximos meses no preparo do novo governo, o grupo “Povos Originários” foi confirmado nesta terça-feira (8) através de publicação no Diário Oficial da União (DOU) pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), coordenador da equipe de transição de governo.

Diante da sinalização, lideranças indígenas, como a recém-eleita deputada federal Sônia Guajajara (PSOL-SP), já dão como certa a formalização do novo ministério proposto por Lula durante a campanha e citado em seu discurso, em São Paulo, após o pleito no dia 30 de outubro.

Em publicação, Sônia declarou que as lideranças indígenas esperam “poder participar da transição e discutir a missão, formato, estrutura e força para definir quem assumirá como ministro ou ministra”.

A Articulação dos Povos Indígenas do (Apib) também comemorou e cobrou participação do movimento nas “discussões que definiram a estrutura deste novo espaço para o fortalecimento dos nossos direitos”.

Célia Xakriabá, que também faz parte da ‘bancada do cocar’ no Congresso Nacional comemorou a oficialização da criação do Ministério dos Povos Originários. “Lula cumpre sua promessa com os nossos povos e com o planeta. É um marco histórico na nossa luta por voz e direitos. Vai ter indígena em Brasília sim”, escreveu a deputada federal eleita pelo PSOL de Minas Gerais.

 

Antes de viajar para o seu primeiro compromisso internacional na cidade Sharm el-Sheikh, no Egito, que sedia a COP27 – conferência anual do da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da (PT) terá uma agenda em Brasília com as principais lideranças políticas do país e os chefes de poderes.

O petista deve se reunir com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber. A magistrada define as pautas de julgamento centrais para a construção da governabilidade da nova gestão, como as ações que pedem o fim do orçamento secreto.

Além desta pauta, Rosa manteve sob sua relatoria a ação que trata do marco temporal para demarcações de ; assunto estratégico para o novo governo Lula.

Em setembro, Rosa prometeu a um grupo de indígenas que incluiria o julgamento desse caso no cronograma de votações do ano que vem. As discussões sobre o tema foram adiadas repetidas vezes durante a presidência de Luiz Fux por causa dos ataques de Bolsonaro e seus apoiadores à Corte. O presidente chegou a dizer que não cumpriria eventual decisão dos ministros que fosse contrária à existência do marco temporal.

O chamado marco temporal defende que os povos aldeados só podem ocupar as terras reconhecidas e demarcadas na data da aprovação da Constituição, em outubro de 1988. Coletivos e grupamentos indígenas apoiaram maciçamente a campanha do PT.

Além disso, o tema é central para a nova de que Lula tenta construir, pois, uma vez reconhecida a existência do marco temporal, áreas hoje sob controle indígena passariam a ser geridas pela União e por entes privados, o que pode representar uma nova escalada do e garimpo ilegal.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

revista 119

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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